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Policiais militares podem fazer greve
Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
13/05/2001 | 21:06
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Policiais militares de todo o Estado podem entrar em greve por melhores salários se não houver acordo com o governo. Para o negociador da categoria, o deputado estadual e diretor da Associação de Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar, Celso Tanaui (PTB), ex-oficial reformado, a greve pode se tornar inevitável caso não haja um acordo a curto prazo. A associação representa cerca de 30 mil policiais militares, inclusive do Grande ABC, que sedia quatro batalhões (em Santo André, em São Bernardo, em Diadema e em Mauá) e defende um reajuste médio de 50%.

Apesar do boato de greve ter se espalhado entre a tropa na sexta-feira, a paralisação foi desmentida pelo Setor de Comunicação Social da Polícia Militar em nota oficial anteontem. Oficiais da região ouvidos pelo Diário, que não quiseram ser identificados, disseram que ainda não se posicionaram sobre uma eventual paralisação da tropa no Grande ABC.

Mesmo acreditando na paralisação, Tanaui admitiu que a hipótese ainda não tinha sido considerada pela associação. “Não temos conhecimento de quem teria falado sobre a possibilidade da greve, mas os comandos têm de estar atentos. A paralisação pode eclodir a qualquer momento caso não haja solução de curto prazo. A própria notícia é indício de que a Polícia Militar pode parar mesmo”, disse Tanaui.

Uma das possibilidades de paralisação seria a chamada greve branca. “Os policiais não precisam parar totalmente. Eles podem sair para a rua como se fossem fazer patrulhamento normal e ficar parados. Mas essa atitude não é aprovada pela população.”

Para o deputado a notícia de que os policiais estariam prestes a iniciar uma greve pode ser uma forma de alertar o governo de que a situação está insustentável. Os policiais militares não recebem reajuste salarial desde 1997.

“A situação está muito delicada. Um dos motivos apontados pela imprensa para o aumento da violência seria a falta de estímulo do policial gerada pelos baixos salários. Acho que o governo deve atender essas necessidades antes, mas, se o Estado só acordar para esta reivindicação por meio de uma paralisação de advertência, sou favorável a que isso aconteça”, disse Tanaui.

O deputado acredita que a possibilidade de greve pode sensibilizar a população, que pode, por seu turno, cobrar o governo. “Encaminhamos nossa proposta para o governo e segmentos políticos e jornalísticos para que a população conheça também. Se a comunidade estiver consciente de que ela é quem sofre com o aumento de violência e começar a cobrar o governo irá negociar.”

Os baixos salários estariam tirando os policiais militares da corporação e levando para as empresas privadas de segurança, acredita o deputado. “Ao invés de ganhar R$ 700 na PM o soldado sai para receber R$ 1,5 mil em uma empresa e com isso o efetivo do estado nunca será completo.”

O comunicado oficial da Polícia Militar informou que a corporação “não reconhece a existência desse movimento. O trabalho seguirá o seu ritmo normal.”




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