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Troca de modal põe em risco remoção de 150 famílias de áreas de risco

Projeto da Linha18-Bronze prevê retirada de moradias às margens de córrego em Sto.André

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
28/03/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 A possível mudança de modal da futura Linha 18-Bronze do Metrô, estudada pelo governo do Estado, coloca em risco projeto habitacional destinado a pelo menos 150 famílias que vivem em área de risco à beira do Ribeirão dos Meninos, no Jardim Bom Pastor, em Santo André.

Instalada próxima à divisa de São Bernardo, em trecho onde está prevista a instalação do monotrilho, a comunidade integra o conjunto de áreas a serem desapropriadas pelo Estado para construção do sistema.

No entanto, desde o anúncio de revisão do projeto da Linha 18, moradores do assentamento precário têm demostrado preocupação com o possível engavetamento do projeto, em decorrência dos estudos de mudança de modal.

Em recente visita à região, no início do mês, o governador João Doria (PSDB) prometeu divulgar a decisão sobre o tema em até 90 dias, ou seja, em meados de junho.

Há mais de duas décadas na comunidade, a doméstica Damiana Lino da Silva, 55 anos, é uma das moradoras do bairro que temem com o futuro do projeto. Após ter seu imóvel cadastrado por funcionários da Prefeitura, ela diz já não ter convicção de que será removida da área. “Se não for mais fazer o Metrô nosso sonho pela casa própria vai por água abaixo”, desabafa.

O medo da moradora não é por menos. Após anos de negociações para remoção das famílias que vivem na beira do Ribeirão dos Meninos, o projeto da Linha 18 foi o único apresentado por governantes que beneficiava famílias que residem na área de risco.

“São mais de 40 anos morando aqui com problemas de enchentes e infraestrutura precária e nada de solução. Nossa única esperança são as obras do monotrilho”, conta a aposentada Derci Herrera, 67. “Espero não morrer antes de o Metrô chegar aqui, nem que seja para eu pegar a chave da minha casa própria quando já estiver prestes a morrer.”

Conforme o projeto original apresentado pelo Estado, o reassentamento das famílias que serão atingidas pela implantação da Linha 18 será feito pelo poder concedente em parceria com a CDHU, que já realizou o levantamento dos moradores e confeccionou minuta de convênio, que aguarda a declaração de início do prazo de vigência da concessão para ser assinado.

O documento, segundo o presidente do Consórcio VemABC, Maciel Paiva, responsável pela construção do empreendimento, está feito há pelo menos um ano. “Dependemos apenas do aval do Estado para dar sequência ao projeto.”


OUTRO LADO

Questionada sobre o assunto, a CDHU disse ontem, por meio de nota, que até a finalização do estudo prometido pelo governo estadual não é possível dar detalhes sobre a remoção das famílias residentes na área, assim como garantias sobre a continuidade do projeto.

No entanto, a companhia confirma que o cadastro dos moradores já foi finalizado pela administração municipal de Santo André, com apoio do governo do Estado. “O atendimento habitacional a essa população será oferecido conjuntamente pela Prefeitura, que tem a posse do terreno, e a Secretaria Estadual da Habitação, uma vez que a ampliação do modal de transporte é intervenção sob responsabilidade do governo paulista.”

 




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