Setecidades Titulo Violência em alta
Região tem três crimes passionais em dois dias

Duas vítimas foram alvo de feminicídio e uma mulher matou o namorado com facada em churrasco

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
05/02/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 O fim de semana foi marcado por crimes passionais no Grande ABC. A médica cubana Laidys Sosa Ulloa Gonçalves, 37 anos, foi a segunda vítima de feminicídio da região em período de 24 horas. Ela foi morta na madrugada do domingo, com golpes de chave de fenda, pelo marido brasileiro, o vigilante Dailton Gonçalves Ferreira, 45, na residência do casal, no Jardim Olinda, em Mauá, e enterrada em mata localizada próxima à Estrada dos Fernandes, em Ribeirão Pires. Um dia antes, a médica veterinária Paula Patrícia de Melo, 38, foi assassinada a facadas pelo namorado, Givanilson Valdemir dos Santos, 26, em São Caetano.

Feminicídio é um agravante de homicídio, incluído no Código Penal em 2015 e atribui punição – de até 30 anos em reclusão – e execução de pena mais severa aos condenados. Somente em 2018 foram registradas pelo menos 22 ocorrências entre as sete cidades.

No caso de Mauá, o marido alega que cometeu o crime após “ouvir vozes que o indicavam o que teria de fazer” e que a mulher “o deixaria”. Ainda conforme Ferreira, a vítima foi golpeada com a chave de fenda por dez vezes.

Na sequência, ele colocou o corpo de Laidys no carro e seguiu “por caminho que as vozes indicavam”. O marido disse que o intuito era levá-la até castelo de pedras, mas não encontrou. O homem retornou à residência, no entanto, foi visto pela irmã, Anaildes Gonçalves Ferreira de Oliveira, 33. Ela informou à polícia que Ferreira estava “transtornado” e que teria pedido ajuda a familiares para enterrar a mulher, mas optou por fazer o serviço sozinho.

Diante do cenário, familiares do vigilante entraram em contato com o advogado da família, que acionou a PM (Polícia Militar). Os policiais encontraram, a partir do número da placa do veículo, o Volkswagen Fox vermelho às 19h do domingo, momento em que Ferreira foi abordado. O vigilante confessou o crime e apontou aos agentes da 3ª Companhia do 30º Batalhão da PM o local onde havia enterrado o corpo de Laidys. Ele foi preso em flagrante por feminicídio e autuado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

A Prefeitura mauaense informou que a cubana não foi encontrada no registro de funcionários da rede pública de saúde de Mauá. Em nota, a administração explicou que ela pode ter trabalhado com RPA (Registro de Profissional Autônomo) na cobertura de alguma falta de médico. Ela teria chegado ao Brasil em 2013 e atuado, até 2016, no programa Mais Médicos, na cidade de Itaeté, na Bahia. O casal estava junto há pouco mais de dois anos e tem um filho, de 1 ano e 5 meses, que vai ficar aos cuidados de parentes.

 SÃO CAETANO

Um dia antes, em São Caetano, a médica veterinária Paula Patrícia de Melo, 38, foi morta a facadas pelo namorado, Givanilson Valdemir dos Santos, 26. O feminicídio teve início quando o casal discutiu na casa deles, em São Caetano, e o jovem de 26 anos atingiu a companheira a facadas – exame realizado no IML (Instituto Médico-Legal) constatou 21 perfurações na vítima, sendo uma no coração. Santos se mutilou na tentativa de acobertar o crime. Depois, segundo a PM, confessou o ato. O agressor foi autuado em flagrante, mas, devido aos ferimentos, permanece internado sob escolta policial.

HOMICÍDIO

Durante uma briga em churrasco na noite do domingo, a secretária Agatha Raianne da Silva, 19 anos, matou o namorado, Francisco Augusto de Lima, 27, com uma facada, em São Caetano. Na tentativa de apartar a discussão, o proprietário do imóvel onde estava sendo realizado o evento, no bairro São José, o autônomo Rafael Lombardi, 33, também foi golpeado no braço – teve ferimento leve.

De acordo com depoimento de Agatha, que confessou o crime à polícia, ela teria recebido um chute do namorado. Para se vingar, se dirigiu até a cozinha, pegou uma faca e golpeou Lima na região da costela esquerda. A secretária afirmou que o companheiro sempre a agredia. Após se dar conta do crime, ela chamou a ambulância enquanto tentava estancar o sangue do ferimento.

Lombardi confirmou a versão de Agatha e que não vai processar a colega pela agressão sofrida, mas espera que seja feita Justiça. Francisco deixou dois meninos, de 6 e 10 anos. A jovem responderá pelo crime de homicídio simples.

 




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