Entreposto da Craisa também planeja ampliar horário de funcionamento em duas horas por dia
De olho na mudança de endereço da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), maior entreposto de frutas e verduras da América Latina, da Vila Leopoldina, onde opera há 51 anos, a Ceasa (Central de Abastecimento) Grande ABC, administrada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) quer abocanhar 50% do fluxo de consumidores que hoje frequentam o estabelecimento da Capital.
Isso porque, conforme a Ceagesp, duas comissões formadas por integrantes dos governos federal, estadual, municipal e da própria companhia estudam processo de mudança devido ao fato de o local concentrar grande quantidade de caminhões, o que dificulta o acesso e a circulação da população. São especulados dois destinos para o entreposto: Perus, Zona Norte de São Paulo, e Suzano, na Região Metropolitana. Nos 700 mil metros quadrados da Zona Oeste, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou pretender instalar um centro tecnológico.
Dessa forma, o diretor-presidente da Aeceasa (Associação das Empresas da Ceasa do Grande ABC), João Lima, tem ambiciosa expectativa de ‘herdar’ metade do público da Ceagesp, pelo fato de a Ceasa Grande ABC estar mais bem situada do que os locais cotados para a mudança, defende.
Hoje, o maior entreposto latino recebe cerca de 35 mil consumidores por dia, sendo outros 8.000 nos varejões e 5.000 na feira de frutas e flores, totalizando 48 mil pessoas. Desta forma, dentro da projeção de Lima, a intenção é atender fluxo extra de 24 mil clientes. Para se ter ideia, atualmente a Ceasa da região recebe em torno de 1.000 pessoas diariamente.
Para dar conta do volume adicional de visitantes – mais especificamente, 24 vezes maior –, Lima revela que, já no início de 2018, pretende ampliar o horário de atendimento, que hoje vai das 22h ao meio-dia, até as 14h.
“Hoje, devido ao fato de a Ceagesp operar de dia, temos muitos comerciantes do Grande ABC que acabam se deslocando à Capital para fazer suas compras. E concorrer diretamente com o entreposto seria dar murro em ponta de faca. Agora, com a mudança de endereço, o processo se torna mais natural. Com a ampliação do nosso horário, acredito que essas pessoas passarão a comprar conosco”, assinala o diretor-presidente da Aeceasa. “Além disso, mesmo que a Ceagesp vá para Suzano, estamos mais bem localizados, próximos a importantes rodovias. Não à toa, aqui ajudamos a escoar a safra de todo o Brasil.”
Em relação à infraestrutura para reter público oriundo da Ceagesp, Lima garante que há condições de atendê-lo e que, se preciso, ainda há espaço para ampliar a oferta de produtos. “Não temos espaço como a Ceagesp, mas temos muito potencial”, sentencia. Dos 162 mil metros quadrados na beira da Avenida dos Estados, onde está situada a Craisa, há 50 mil metros quadrados ociosos, revela o superintendente da companhia, Reinaldo Messias (PPS).
Para eventual expansão do espaço, que hoje abriga 108 empresas e 63 boxes, Lima não descarta a realização de PPP (Parceria Público-Privada). Ele explica que haveria a concessão da área para a construção de mais uma ala a fim de viabilizar a ampliação. “Será nos moldes como ocorreu com a concessão do posto de combustível. A Craisa não construiu o posto, mas licitou o espaço para que ele pudesse operar.”
Carro-chefe na região são as laranjas
O produto que tem maior saída na Ceasa Grande ABC é a laranja, responsável por 20% do total comercializado no entreposto, o que equivale a cerca de 2,6 toneladas mensais. Na sequência, vêm batata e cebola, com 5% cada (650 quilos). Ao todo, são comercializadas, por mês, 13 toneladas de produtos alimentícios, que, para se ter ideia de quanto isso representa, caberiam em 900 caminhões.
Na Ceagesp, a divisão é semelhante. E o carro-chefe também é a laranja (9,7%), seguido por tomate (9,1%) e batata (7,6%). No entanto, o que a Craisa vende em um mês, o maior entreposto da América Latina comercializa praticamente em um dia – são 12 mil toneladas entre frutas, legumes, verduras e pescados.
PARA ECONOMIZAR - Dentre os clientes da Ceasa Grande ABC, o diretor-presidente da Aeceasa (Associação das Empresas da Ceasa do Grande ABC), João Lima, destaca que houve crescimento de 10% no movimento de munícipes, sem precisar números. “As pessoas têm procurado a Ceasa em busca de economizar. Muitos vêm e dividem os produtos comprados com a família, ou compram aqui para preparar festas de aniversário e casamento.”
Segundo Lima, os itens do entreposto custam em média 30% menos do que em redes varejistas. É válido ressaltar, no entanto, que no local são vendidas apenas quantidades voltadas ao atacado. Por exemplo, uma caixa de laranjas com 23 quilos custa R$ 22, o que faz com que o quilo saia por R$ 0,95. De acordo com pesquisa semanal de cesta básica realizada pela Craisa, nos supermercados da região o preço médio do quilo da fruta é de R$ 2,05, pouco mais que o dobro do valor.
“Ceasa não é shopping center e, embora não tenhamos sacolinhas plásticas, oferecemos serviço de qualidade e ambiente familiar”, defende o diretor-presidente.
(Colaborou Evaldo Novelini)
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