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Social do Diário: Série de TV pode incentivar ato extremo nos jovens?

Psicólogos da região abordam várias vertentes sobre a questão envolvente do universo juvenil

Por Juliana Bontorim
23/04/2017 | 16:25
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Stefanie Sterci

stefaniesterci@dgabc.com.br

Pesquisa realizada no fim do ano passado pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) aponta que a mortalidade por suicídio cresceu 30% no Estado de São Paulo, no período entre 2001 e 2014. Apesar disso, o tema ainda é tratado como tabu entre a sociedade. 

Recentemente, a Netflix surpreendeu a todos ao tratar da temática na nova série norte-americana produzida pelo grupo 13 Reasons Why, que é adaptação do livro de Jay Asher, e leva na produção a cantora internacional Selena Gomez. A história tem como protagonista a adolescente Hannah Baker, que tira a própria vida, mas deixa fitas gravadas para diferentes pessoas que, de certa forma, englobam os porquês de sua decisão. “Séries como esta vêm nos alertar sobre a importância de caminhar no sentido de estabelecer e fortalecer os laços afetivos, desde a mais tenra idade, para facilitar o diálogo próximo e aberto com os filhos”, comenta a psicanalista e psicóloga de Santo André Aislene Zaro, sobre a importância da conversa aberta dentro de casa.

Em observação nas mídias sociais é constatada uma discordância nestes quesitos. Vários textos afirmam que para aqueles que estão com o psicológico abalado este tipo de exposição na TV pode até mesmo incentivar este ato extremo. Cenas como a do suicídio da protagonista Hannah são consideradas por muitos desnecessárias e fortes, questões que abalam ainda mais quem está enfrentando situações difíceis – confesso ter necessidade de fechar os olhos para este estranho momento na série.

Independentemente dos pontos positivos e negativos, a Netflix disponibilizou contatos para ajuda, entre eles, do CVV (Centro de Valorização da Vida), que registrou o aumento de procura após a repercussão da produção, inclusive com e-mails citando a história. Dados oferecidos pelo grupo localizado em Santo André apontam que a cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo, totalizando quase 1 milhão todos os anos. “O suicídio não está necessariamente ligado a uma doença mental, mas sim a um episódio crítico, que, na maioria das vezes, pode ser superado. As pessoas correm menos riscos de se matar quando aceitam ajuda”, comenta o coordenador regional do CVV, Milton Minoru Kagohara.

A série deixa um sinal de alerta para o grito de socorro daqueles que precisam de ajuda, o que muitas vezes é considerado como drama ou maneira de chamar atenção. A psicóloga andreense Clariana Grosso discute a questão sobre os motivos que induzem tal ato. “Na verdade, quem tira a própria vida geralmente não quer se exibir nem morrer de verdade, porém, podem ocorrer os incidentes”, explica a profissional, que ainda cita a frase do renomado psicanalista Winnicott: “O suicida pode perceber o auto extermínio como uma última esperança de autenticidade, ao considerar o ato como o único gesto espontâneo possível. Uma tentativa de evitar o aniquilamento completo de si –mesmo verdadeiro”.

Alguns dos principais sinais deixados por quem pensa em se matar englobam o isolamento social, indisposição para realizar tarefas do cotidiano, a falta de perspectiva de vida e até mesmo comentários explícitos pelo desejo de morrer. Ao perceber algum dos indícios, é necessário procurar por profissionais que possam entender mais a fundo e proporcionar o acompanhamento, além de serem essenciais o suporte familiar e carinho.




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