Setecidades Titulo Crise
FSA tem rombo mensal de R$ 500 mil

Reitoria afirma ter perdido 1.500 alunos em um
ano; crise faz instituição fechar três turmas neste ano

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
24/02/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Em graves crises financeira e administrativa que se arrastam desde 2008, a FSA (Fundação Santo André) tem acumulado mensalmente rombo estimado em R$ 500 mil, segundo relatório elaborado pela reitoria no mês passado. Com constantes atrasos de salários, a instituição de Ensino Superior já prevê acentuada queda em sua peça orçamentária ao longo deste ano após registrar entre 2016 e este ano a perda de 1.500 estudantes.

Instaurada dentro da instituição ainda na gestão do ex-reitor Odair Bermelho, em meados de 2008, a crise financeira da FSA tem impactado diretamente a prestação de serviço da instituição de ensino. Após enfrentar dificuldades com turmas “que não eram financeiramente sustentáveis”, a reitoria optou neste ano por suspender a abertura de três novas classes nas áreas de Geografia, Matemática e Engenharia Ambiental por não haver quantidade suficiente de estudantes.

“Eram turmas que tiveram pouca procura, variando de três a seis interessados. Optamos por não abrir essas classes neste início de ano, mas no próximo vestibular permanecem na grade da instituição”, relata o assessor da reitoria Maurício Magro.

A decisão que gerou revolta entre corpo estudantil e docentes da instituição agravou ainda mais a relação entre os dois grupos e a reitoria da FSA. “A situação está cada vez mais caótica. Professores estão sem receber até agora o 13º. Além disso, a instituição segue depositando somente a quantia de R$ 1.OOO do nosso salário, sem ao menos dar previsão de quando o restante será quitado. Muitos prestadores de serviço já estão endividados e sem condição de arcar com suas despesas”, desabafa o diretor do Sinpro ABC (Sindicato dos Professores do ABC) e professor de Relações Internacionais da FSA Marcelo Buzetto.

Após perder, em 2014, o prazo para dar entrada no cadastro do Proies (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior), programa que permite renegociar dívidas tributárias com o governo federal e, posteriormente, romper contratos com administrações municipais por falta da CND (Certidão Negativa de Débitos) junto à Receita Federal, incluindo vínculo para controle da Sabina Escola Parque do Conhecimento, a FSA, em busca de solucionar todos os impasses da crise, tem iniciado diálogo com o atual prefeito de Santo André, Paulo Serra, para minimizar o problema.

Segundo a reitoria, dentre as reivindicações da instituição de ensino estão a quitação de débito estimado em R$ 300 mil, referentes a bolsa estudantil fornecida pelo Paço, e também a manutenção do campus.

“Acreditamos que a Prefeitura pode sim nos auxiliar não apenas financeiramente, mas, também, nas tratativas para reaver nossa certidão negativa de débito. Já nos reunimos com o prefeito e estamos no aguardo”, relata Magro.

Embora avalie que a situação da FSA, de fato, é crítica, Paulo Serra afirmou ontem estar empenhado para que Santo André “não perca mais uma instituição de Ensino Superior”, referindo-se ao fechamento da Fefisa (Faculdades Integradas de Santo André), em 2015.

“A FSA é mais uma faculdade que o PT deixou chegar a um ponto de calamidade. Já tivemos reuniões com a reitoria e nos comprometemos a ajudar no que for possível, incluindo as negociações junto ao governo federal e pagamento das dívidas”, declarou o chefe do Executivo.

Criada em 1962, a FSA conta atualmente com quadro de funcionários diretos estimado em 500 pessoas, Ao todo, são cerca de 4.500 estudantes distribuídos em 27 cursos.

 

Alunos interditam Av.Prestes Maia durante protesto contra reitoria

 

Em protesto contra as crises financeira e administrativa enfrentadas pela FSA (Fundação Santo André), cerca de 50 estudantes da instituição interditaram ontem à noite quatro faixas da Avenida Prestes Maia, em Santo André, sentido Centro. Pneus foram incendiados.

A manifestação, iniciada por volta das 19h30 nas dependências da instituição, teve como reivindicação a abertura de diálogo entre a reitoria da FSA e o corpo estudantil. “É apenas isso o que pedimos. Somente assim poderemos sanar esta crise. Enquanto não houver participação dos estudantes continuaremos nesta situação”, lamentou a aluna de Ciências Sociais Jenifer Tristan, 26 anos.

Estudantes relatam ainda insatisfação com a perda de benefícios obtidos anteriormente, dentre eles o desconto na mensalidade. “O valor pago hoje com desconto é superior à mensalidade do ano passado, sem qualquer abatimento. Isso é um absurdo. Estamos pagando pela crise”, afirma a estudante Jacqueline Taragiotto Martinez, 25.

A expectativa do grupo é a de que a manifestação chame a atenção da administração municipal para a crise que a FSA tem enfrentado. Estudantes pretendem se reunir nas próximas semanas com o prefeito Paulo Serra (PSDB) para tratar da atual situação da FSA.

 




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