Política Titulo Após denúncia
Justiça investiga
prefeito Luiz Marinho

Petista de S.Bernardo é acusado de formação de
quadrilha por suposta ameaça a promotor e juíza

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
11/04/2012 | 07:00
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O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), é investigado pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) por eventual crime de formação de quadrilha e coação, por ameaça contra um promotor e uma juíza do Grande ABC. Além do petista, o TJ-SP apura envolvimento do assessor de Gabinete de Marinho, José Albino (PT), do vereador Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT-Diadema), do parlamentar Marcelo Lima (PPS-São Bernardo) e Ricardo Silva Rodrigues, ex-assessor do popular-socialista.

A investigação decorre de denúncia anônima feita no dia 27 de dezembro à Secretaria Estadual de Segurança, afirmando que Marinho, Albino, Maninho e Ricardo articulavam ameaça a promotor e juíza no dia 18 de janeiro - Marcelo Lima foi arrolado pela ligação com o ex-assessor, mas seu nome foi grafado errado no processo. A denúncia deu detalhes de como seria a ação, citando números dos telefones dos suspeitos e quais armas seriam utilizadas.

No dia 28 de dezembro, o SIG (Setor de Investigações Gerais) da Polícia Civil de Santo André determinou a abertura de inquérito para apurar as acusações de ameaça contra o promotor e a juíza, que trabalharam no processo da Estrada do Montanhão, que corre na Justiça há 20 anos. "Foi instaurado inquérito na nossa delegacia. Posteriormente, foi remetido ao Tribunal de Justiça e não temos mais acesso ao inquérito, até que seja remetido à nossa delegacia", afirmou o delegado Gilmar Camargo Bessa, titular do SIG.

A trilha inicial da investigação policial foi confirmar se os telefones fornecidos na denúncia anônima pertenciam aos acusados. No dia 29 de dezembro, policiais contataram os suspeitos. "Alguns policiais de São Bernardo estiveram na minha casa, falando de um telefone no meu endereço que estava fazendo ameaça não sei para quem. E citaram o nome de uma pessoa chamada Ricardo Silva Rodrigues. Não conheço, não é parente ou amigo", disse Maninho, que negou envolvimento no caso.

Após as primeiras análises, o inquérito foi remetido ao TJ-SP, pois o prefeito tem foro privilegiado para ser investigado diretamente em segunda instância. Em São Paulo, o caso ficou nas mãos do desembargador Fábio Gouvêa, da 10ª Câmara de Direito Criminal, no Fórum João Mendes. O processo foi enquadrado na lei de crimes de responsabilidade com assunto: ‘apurar eventual crime de formação de quadrilha e coação no curso do processo'.

Nesta semana, Gouvêa pediu o retorno do caso à 3ª Vara Criminal de Santo André. Segundo o TJ-SP, o processo pode voltar às mãos do relator, para novos encaminhamentos. Não há data para o encerramento das investigações judiciais. O delegado Gilmar Camargo Bessa afirmou também aguardar a recondução da apuração ao SIG.

Na trilha de 2014 - Prefeito em primeiro mandato, Marinho já foi ministro do Trabalho e da Previdência Social no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe do Executivo de São Bernardo é afilhado político de Lula, brigará pela reeleição ao Paço em outubro e é cotado para ser o candidato do PT ao governo do Estado em 2014. Ele também é o principal articulador político do PT no Grande ABC, garantindo, por exemplo, apoio do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, às candidaturas petistas. Procurada por dois dias, a Prefeitura de São Bernardo não quis se manifestar sobre o assunto.

 

Maninho e Marcelo Lima negam envolvimento

Citados no processo que corre no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) como suspeitos de formação de quadrilha e coação, os vereadores Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT-Diadema), e Marcelo Lima (PPS-São Bernardo), negam envolvimento com o caso.

"Não fiz nenhuma ameaça a ninguém", afirma Maninho. "Meu advogado foi tentar ver algumas vezes (o processo no Fórum João Mendes, onde corre a ação) o que é. Estou surpreso em ver meu nome nisso."

O petista garante não ter ligação "de amizade ou de negócios" com o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), com o assessor de Gabinete da Prefeitura de São Bernardo, José Albino (PT), com Marcelo Lima ou com Ricardo Silva Rodrigues, ex-assessor do popular-socialista e também acusado em denúncia anônima de ameaçar um promotor e uma juíza do Grande ABC.

"Não tenho nenhuma proximidade com o vereador Marcelo Lima. Com alguns vereadores de São Bernardo tenho até relação, mas não com ele. Não tenho noção (dos motivos de seu nome estar envolvido no caso). Não tenho relação de negócio e proximidade (com os investigados). Nem com o Marinho, que é do meu partido", afiança Maninho.

Integrante da bancada de oposição ao governo Marinho na Câmara de São Bernardo, Marcelo Lima afirma que a denúncia anônima é uma "covardia" aos acusados. "Acho absurda a denúncia. Tola e sem nexo algum", avalia. "Isso é triste. É uma covardia muito grande comigo, com todos e até com o Marinho."

O popular-socialista diz que seu advogado foi consultar o processo e que a investigação teria sido "cancelada" a pedido do desembargador relator Fábio Gouvêa, da 10ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP. O tribunal, no entanto, nega que haja promoção de arquivamento nas investigações, cujo processo retornou nesta semana para a 3ª Vara Criminal de Santo André, origem das apurações.

Marinho e Albino não se pronunciaram sobre o processo. O Diário tentou contato durante dois dias com os petistas. Ricardo Silva Rodrigues não foi localizado pela equipe do jornal.

Roubo - Ricardo Silva Rodrigues, ex-assessor parlamentar do vereador Marcelo Lima, foi preso em março de 2010 por roubo. Ele estava foragido, procurado pela Justiça depois de condenação pelo crime cometido no dia 27 de novembro 2004, quando foram encontradas partes de moto em uma casa na Rua Doutor Cincinato Braga, bairro Planalto, em São Bernardo. O dono do imóvel disse, à época, que comprara as peças de Ricardo.

À ocasião, a polícia descobriu o paradeiro dele ao investigar o roubo de sua moto. Ricardo tinha levado um tiro ao tentar se livrar dos criminosos. No momento que era lavrado o boletim de ocorrência, no 3º Distrito Policial de São Bernardo, constou no sistema que havia mandado de prisão contra ele, expedido pela 4ª Vara Criminal da cidade.




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