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De primeira
Luciana Bugni
Do Diário do Grande ABC
20/04/2008 | 07:04
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Você conheceu um amigo ou uma amiga de um outro conhecido. Conversaram muito e esticaram a noite até onde deu. Na hora de ir para casa, surge o convite: “Dorme comigo essa noite?” Milhões de pensamentos passam pela cabeça e vem um impasse: obedecer ao corpo e a própria vontade ou pensar racionalmente e deixar para um outro dia, aumentando as chances de fazer com que a aventura se torne um relacionamento sério?

Dos entrevistados ouvidos pelo Diário, a grande maioria afirmou que já fez sexo no primeiro encontro. Quando a pergunta é se acham que deviam ter feito ou não, as opiniões se dividem. Não é todo mundo que lida bem com o dia seguinte. “Sexo na primeira noite é sexo casual. Se há aceitação, não haverá arrependimento. Isso é essencial para não haver julgamentos e culpas”, afirma o urologista e educador sexual Celso Marzano, de Santo André.

Claudya Toledo, proprietária da A2 Encontros, diz que a mulher não sabe quando transar e está confusa nesse sentido. “Quando está se relacionando bem, deve perceber a hora certa. Isto não está ligado ao primeiro ou 20º encontro e sim ao nível de intimidade do relacionamento”, afirma.

Marzano completa que a conquista e a manutenção do relacionamento estão associados a uma sexualidade rápida e contínua. “As mulheres tentam conquistar o parceiro pelo sexo e praticam casualmente nos primeiros encontros”, afirma. Segundo ele, elas também o fazem para ter prazer físico e viverem novas experiências.

E aquela história de que o homem descarta a mulher que transa logo no primeiro encontro parece ser coisa do passado. “Para eles é muito clara a própria intenção e a energia que despendem para cada relacionamento. O importante é que as mulheres se abram para perceberem as diferenças e não se magoarem”, diz Claudya.

Não há regras. “O nome diz casual: ocasional, sem cobranças. Só o respeito natural, o aval dos dois para os atos praticados e a responsabilidade de proteção para um sexo seguro.”

Estamos namorando há  três anos
“Fiquei com ele pela primeira vez numa feijoada e depois ele me chamou pra ir a um bar. Só que tive um problema com a lente de contato e passei em casa para tirá-la e colocar os óculos. Convidei-o para subir e não descemos mais. Transamos a noite toda e no dia seguinte eu acordei me sentindo meio mal, porque tinha gostado dele e fiquei medo de que ele me achasse uma safada. Isso não aconteceu. Não paramos mais de ficar e estamos há três anos namorando. Ele é o homem da minha vida.”
J.S., economista, 29 anos

Devia ter guardado um pouco mais do mistério
“Eu o conheci na net, em um site de relacionamentos. Após alguns e-mails e conversas ao telefone marcamos em um shopping. De perto, vimos que a química corporal era tão intensa quanto intelectual, e já no carro começamos os amassos. Resultado: ‘Qual o motel mais próximo?’ Nunca me dei tanto em uma cama como naquele dia. A sintonia dos desejos e dos corpos era espetacular. Inúmeras experimentações. Mas curiosamente, ao amanhecer eu só queria a minha casa e nem queria saber mais do cara. Nunca mais quis vê-lo, mesmo sabendo que foi uma das noites mais espetaculares da minha vida. Ele bem que tentou, eu não quis. Acho que o especial daquela noite foi o fato da certeza de que seria única.

Só que nem sempre é assim e como toda mulher guardo em mim ideais bem românticos e já lamentei momentos em que ter sucumbido ao tesão do primeiro encontro foi o suficiente para pôr fim a relações que eu daria tudo para que durassem mais de uma noite. Um homem que conheci certa vez era, literalmente, o genro que mamãe pediu

a Deus e o homem que eu adoraria ter ao meu lado. A conversa, os gostos musicais, quando cheguei perto o cheiro dele me inebriava, a voz me envolvia e quando finalmente me beijou...

Ah, que beijo! Resultado: ‘Passa essa noite comigo, vai?’ E eu passei, mas deveria ter dito não. A intensidade com que me dei emocionalmente me deixou vulnerável. Fiz expectativas que não se concretizaram e eu me frustrei. Não sei se a ausência de uma segunda vez se deu por aquela primeira vez tão intensa, mas até hoje eu penso que deveria ter guardado um pouco mais do mistério.
B., designer de moda e editora do site http://avidasecreta.com. 37 anos

Faça o que tem vontade
“Não vejo problema no sexo no primeiro encontro. Mas também não vejo em não fazer. A decisão e o desejo precisam ser de ambos. E cada um deve agir sabendo das conseqüências de seus atos – e usar camisinha! A mulher sabe que pode não ver mais o homem, mas o homem também corre esse risco. Ou será que todas as mulheres se apaixonam por todos os homens com quem transam? Também pode ser só sexo para ela. Se os dois estiverem atraídos, se houver clima, por que não? Não acredito que o homem que não liga no dia seguinte o faz simplesmente porque ‘já teve o que queria’. Acho que ele não liga porque não quer. É preciso fazer o que está com vontade de fazer. E se o cara é do tipo que não namora só porque transou na primeira noite, sinceramente, prefiro que seja só sexo mesmo. Quem vai querer um machista desses? Eu não.” 
M.N., jornalista, 30 anos

Tínhamos pontos incompatíveis
“Conheci o Antônio (nome fictício) durante o aniversário de um amigo em comum. A festa era supertranqüila, nada de sexo, drogas ou rock and roll. Assim que ele entrou, decidi que iria ficar com ele. E fui para cima, literalmente. Depois de algumas horas de muita conversa, finalmente, ficamos. Só uns beijos e conversa, conversa. Até que começamos a nos beijar e entramos no lavabo. Apesar de não ser tonta, não imaginei que iria transar com ele ali. Mas transei. Em segundos, ele tirou minha roupa e colocou a camisinha. Foi rápido. E ótimo. Quando terminamos, voltamos normalmente para a festa. Ele disse que iria pegar depois meu telefone com uma amiga minha. Quando comentei com ela o que havia acontecido, ouvi na hora: “Claro que a gente não acredita que ele vai te ligar, né?”. Pois ele me ligou. Nos vimos mais algumas vezes. Não virou um relacionamento, mas não acho que foi porque fiz sexo sem conhecê-lo. Tinhamos pontos incompatíveis, só isso”.
F.K.D., professora, 35 anos.

Afinidade se adquire
“Nunca tive problemas em transar logo que conheço um homem. O que sempre levei em conta foi a afinidade e a vontade de ir ou não pra cama, independentemente do número de encontros. Tive situações de ter um caso fixo por meses e simplesmente colocar um ponto final sem nunca termos tido uma noite de sexo. No último amigo-secreto eu já tinha dito que depois da confraternização ia pra casa, mas mudei de idéia. Em um show fui apresentada a um amigo de um amigo. Seguimos para um bar e eu, descaradamente, puxei o rapaz pelo braço e falei: ‘Vamos ficar nós dois aqui fora!’ E lá ficamos conversando. Falamos sobre tudo, inclusive sexo. Eu na defensiva ainda, não queria ir pra lugar nenhum, e sim ficar ali ao lado dele para sempre. Na rua, ele resolveu usar minha tática: me puxou pelo braço e disse para eu dormir com ele. Nos divertimos muito e hoje ele é meu namorado, há quatro meses. É indescritível como se adquire afinidade. Ele conta que se apaixonou quando, ao chegar no motel, eu tirei minha roupa enquanto contava uma história, com naturalidade, como se o fizesse na frente dele há anos.”
D.Y., assessora de imprensa, 26 anos.

‘Até quando vou conseguir segurar?’
Pode se dizer que Renata Martins, de 30 anos, resistiu aos impulsos do primeiro encontro. Ela saiu com um colega de trabalho, Rodrigo Oliveira, em uma sexta-feira e o sexo aconteceu no domingo à noite. “No primeiro encontro, tomamos um chope, falamos até dar dor na garganta, a energia rolando solta e tudo bem-encaixado. Ele me deixou em casa e pensei: esse cara é bom, até quando vou conseguir me segurar? E também pensei que se não me segurasse, tudo bem, porque ele parecia bem-resolvido quanto aos rótulos que mulheres recebem quando deixam os ímpetos rolarem”. No dia seguinte, o casal se falou o dia todo e foram a uma festa da sobrinha dele. Depois da festa, foram à casa dele para assistir um filme e o clima esquentou. “Não permiti que acontecesse nada. No domingo finalmente aconteceu o sexo e, segunda-feira, fomos trabalhar. Começamos a namorar e eu até tinha pensado que ele sumiria, mas se fizesse isso eu não me importaria porque estava bem-resolvida quanto ao fato de que fiz o que queria. Não ia ser por ter feito sexo rápido que ia impedir alguma coisa. Seis meses depois, ele me pediu em noivado e depois de três meses nos casamos. Moramos juntos há oito meses”, conta Renata.

Preferências
Pessoas em quem confiam;
Amigo (a), por carinho e por não exigir compromisso;
Desconhecido (a), pelo anonimato e não-envolvimento;
Homem mais jovem porque a principal vantagem é o não-compromisso após o relacionamento;
Homem ou mulher mais velho (a), pela maior experiência.



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