Esportes Titulo Confidencial
A cereja do bolo
Nilton Valentim
01/01/2018 | 07:00
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Fechar o ano correndo pelas ruas de São Paulo, por muito tempo, me parecia ser a mais estapafúrdia das ideias. Tanta coisa melhor para fazer, por que encarar 15 quilômetros debaixo de sol forte, sendo que nos últimos 2,5 quilômetros ainda tem uma tal subida da Brigadeiro?

Esse conceito começou a ser mudado em 2013, quando participei da organização do Circuito Popular de Corrida de Rua do Grande ABC, promovido por este Diário. Na realização das provas, passei a interagir como participantes, representantes das cidades e de assessorias esportivas e vi que esse negócio de correr até que poderia ser interessante.

Depois de caminhar cinco quilômetros em algumas etapas, quis tentar o passo seguinte, que era correr. Passei a treinar e tive ganhos em termos de saúde que começaram a valer a pena. E não parei mais. Daí para frente, várias foram as provas, mas nunca com distâncias superiores a dez quilômetros.

Voltando à São Silvestre. A tradicional prova paulistana sempre me encantou, mas apenas pela TV. Nas vezes em que tive de fazer a cobertura, era sempre com reclamação. Principalmente quando a largada era no período da tarde e tinha de ficar de castigo na redação para esperar o resultado.

Em 2016, decidi que iria participar. Mas as inscrições se esgotaram antes do previsto e fiquei de fora. Neste ano não teve jeito, garanti a vaga em setembro e, desde então, convivo com um mix de apoio e desconfiança.

Tentei intensificar meus treinos de corrida, voltei para a academia e, dentro do possível, mudei a dieta. Na reta final, entretanto, uma contusão na parte esquerda do quadril atrapalhou de sobremaneira a preparação, mas a dor sumiu na última semana.

Ontem foi o grande dia. Sem estar no melhor da forma física, no meio do plantão de Ano-Novo e meio assustado com a dimensão da prova, parti para a minha primeira São Silvestre. E o resultado foi que nunca me diverti tanto em um corrida de rua.

Logo na largada, meu celular – companheiro fiel de todas as outras corridas e treinos – por conta própria resolveu me abandonar. Com isso, não tive como ouvir a voz metálica do aplicativo, que informa os quilômetros percorridos e desempenho. Nem a playlist musical, que variava de Sepultura ao padre Fábio de Melo, passando por Titãs, 21 Pilots, Emicida, Criolo e alguns outros.

Achei que era um mau presságio. Ledo engano. Me diverti muito mais com os gritos de incentivo de participantes e de pessoas ao longo do percurso (nunca ouvi tanto ‘Vai, Corinthians!’), fantasias, sotaques e piadas do que com as músicas e informações. Teve até competidos que pararam no meio para tomar cerveja nos bares!

Por tudo isso, a São Silvestre é uma festa. Para mim foi a cereja do bolo de 2017. No fim, ficaram três arrependimentos: não ter participado antes da São Silvestre e não ter feito uma selfie com o Máscara na travessia do Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, e com o Gru, do filma Meu Malvado Favorito, no começo da Brigadeiro Luís Antonio.

Até 2018. 




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