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Juro embutido no crediário caiu 5,14% para consumidor
Por Fernando Bortolin
Do Diário do Grande ABC
14/01/2006 | 09:34
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Pelas contas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), o consumidor brasileiro pagou uma carga de juros menor em 2005, na comparação com o ano anterior. Segundo a entidade, foram 5,14% menos de juros embutidos nos contratos de financiamento nos crediários ofertados pelo atacado e varejo.

Apesar desse recuo, vale destacar que o patamar de juros pagos continuou sendo impraticável. A taxa média embutida nos bens de consumo adquiridos pelos brasileiros em 2004 foi de 7,87% ao mês, ou 148,20% ao ano. Já em 2005, a média do juro embutido nas compras financiadas foi de 7,59%, refletindo uma taxa anual de 140,58%.

Na ponta do lápis, isso representa que para cada bem de consumo no valor de R$ 10 (como preço à vista), o consumidor pagou pelo mesmo bem financiado em 12 meses a bagatela de R$ 24,06 (sendo R$ 10 do preço efetivo acrescido de R$ 14,056 de juros). Ou seja, quase duas vezes e meia o valor real à vista.

Vilões – Outro destaque necessário aqui é que essa taxa é uma média extraída dos juros praticados pelos bancos e pelo comércio. A mesma Anefac destaca que o juro médio cobrado pelas financeiras, por exemplo, foi de 11,78% ao mês ou 280,44% ao ano, superando até mesmo os tradicionais vilões, que são os cartões de crédito, com 10,24% ao mês e 222,27% ao ano. Sendo assim, os mesmos R$ 10 financiados pelas financeiras custaram entre janeiro e dezembro do ano passado, R$ 38,04 (sendo R$ 10 do crédito mais R$ 28,04 de juros), sem contar as taxas de abertura de crédito e impostos.

Não é por outro motivo que o setor produtivo brasileiro tem como principal ponto crítico a política monetária executada pela área econômica. Quando o Copom decide o juro básico, a Selic, ele decide apenas o patamar básico de juro sobre o qual a economia vai funcionar. É em cima desse piso de juros que o atacado, o varejo e os bancos embutem a cunha fiscal, o risco de crédito do tomador, o lucro (spread) sobre a operação.

Fora isso, para cada prazo diferente, há um juro específico. Para operações de até seis meses, a média cobrada em 2005 foi de 3,97% ao mês e 59,55% ao ano. Já nas compras financiadas em 12 meses a taxa dobrou: 6,57% ao mês e 114,59% ao ano. Acima de 18 meses, chegou a 7,38% ao mês, ou 135,01%.

Por trás do desempenho recorde de vendas do setor automotivo em 2005 está o custo dos financiamentos praticados na compra de veículos. Foram os menores dentre o varejo, de 3,48% ao mês ou 50,76% ao ano. Isso representa que o consumidor pagou em 12 meses um carro e meio para ter o bem. Já um celular financiado em 12 vezes saiu por 84,36%, quase dois aparelhos por um.



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