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Chuva deixa ruas alagadas na região
Luiz Federico
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
30/01/2006 | 08:05
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O Grande ABC enfrentou neste domingo sua primeira grande enchente do ano. Em 13 horas, choveu 52,5 milímetros, um quinto do volume previsto para todo mês de janeiro, que é de 253 milímetros. Santo André, São Bernardo e São Caetano foram as cidades mais castigadas pelas águas. Até o começo da noite deste domingo não havia registro de mortos ou desabrigados na região.

Em São Bernardo, uma mulher ficou ilhada pela enchente na avenida Doutor Rudge Ramos e precisou ser resgatada de barco por bombeiros. Ela caminhava pela via quando foi surpreendida pela cheia. Buscou abrigo em um bar e dali não conseguiu mais sair. “Foi o maior desespero. A água não parava de subir. Quando o bombeiro chegou, a água batia no pescoço dele”, contou Liliane Saturnino da Silva, 21 anos.

Também foram registrados alagamentos em São Bernardo nas ruas Guilherme de Almeida, também no Rudge Ramos, Brasília, na Vila Vivaldi, e na avenida Piraporinha, próximo à divisa com Diadema. Em Santo André, o ribeirão dos Meninos transbordou e a água invadiu casas das ruas Pederneiras e Simão de Lima, na Vila Palmares. Não houve vítimas, mas algumas famílias perderam móveis e colchões com a enchente.

Quase duas horas depois do fim da chuva, o motorista desempregado Carlos José Ferreira, 49 anos, ainda tirava com um rodo a água que havia invadido sua casa, na rua Simão de Lima. “Perdi quase tudo. Colchão, sofá, móveis, tapete... Não sei o que vou fazer”, lamentava o motorista ao lado de sua filha de 11 anos. No bairro Cata Preta, um barranco chegou a deslizar, mas não atingiu nenhuma casa, segundo a Defesa Civil.

Em São Caetano, o piscinão inaugurado no ano passado não suportou o volume de chuvas. Quem trafegava pela avenida Guido Aliberti, entre a rua São Paulo e a entrada da cidade, às 11h, ficou ilhado. A altura da água atingiu 80 cm, obrigando motoristas a abandonarem seus veículos. “O transtorno foi grande, mas conseguimos liberar o local às 14h, depois que os caminhões de limpeza retiraram toda a lama”, disse o presidente da Defesa Civil do município, Dorival Fernandes. Um trecho da avenida dos Estados e uma parte da avenida Salustiano Santana também ficaram embaixo d‘água.

O ribeirão dos Couros também transbordou e alagou um trecho da via Anchieta, na altura do Km 13. A pista central e uma faixa da marginal Norte, que segue no sentido litoral-São Paulo, tiveram de ser bloqueadas. O congestionamento no trecho chegou a 3 km, segundo a Ecovias.

Em Mauá, a Defesa Civil registrou 14 ocorrências até as 16h deste domingo. Nos bairros Kennedy e Jardim Zaíra ocorreram dois deslizamentos de terra, sem vítimas. Na avenida Capitão João, próximo ao Parque Ecológico Guapituba, alguns carros ficaram ilhados. Em Ribeirão Pires, segundo a Defesa Civil, apenas alguns pequenos pontos de alagamento foram registrados.

A chuva forte também prejudicou o transporte coletivo. Segundo a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), um alagamento próximo a parada Sônia Maria, em Santo André, paralisou o corredor de trólebus entre 11h e 11h15.

Protesto – Moradores da favela do Areião fecharam no início da tarde deste domingo o principal acesso ao morro, que fica ao lado da via Anchieta, em São Bernardo. O ato foi um protesto contra a falta de limpeza de um braço d‘água que corre às margens da favela e capta o esgoto dos barracos. Com a chuva deste domingo, a água suja começou a invadir as moradias.

Os moradores usaram picaretas e enxadas e abriram uma vala no asfalto para que a água que estava represada em uma das margens da pista pudesse escoar. A única linha de ônibus que passa pelo Areião, levando os moradores da favela até o Centro de São Bernardo, teve que ser desviada pela via Anchieta.

Em outubro, os moradores enviaram um ofício para a Prefeitura de São Bernardo solicitando a execução do serviço. Segundo o secretário de Habitação e Meio Ambiente, Ademir Silvestre, o trabalho será realizado na quarta-feira (dia 1º), data que, segundo ele, já estaria definida antes do protesto.

Mais chuva – A chuva forte deste domingo foi provocada pelas nuvens da frente fria que está sobre o Estado, reforçadas por áreas de instabilidade vindas do interior, segundo explicou Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo. As pancadas de chuva forte devem se repetir nesta segunda, mantendo o tempo instável durante todo o dia. Outras frentes frias devem chegar no decorrer da semana, deixando as temperaturas amenas.




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