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Presa mulher acusada de planejar duas mortes para roubar emprego
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
20/01/2006 | 08:13
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Um emprego e uma grande paixão. Esses foram os motivos alegados pela ex-estagiária de Administração de Empresas Carolina de Paula Faria dos Santos, 22 anos, para encomendar o assassinato de duas ex-colegas, afirma a polícia. A primeira vítima, moradora da Vila Euclides, em São Bernardo, foi baleada em 18 de novembro quando dirigia pela via Anchieta, e sobreviveu ao atentado. Então, Carolina teria escolhido uma segunda vítima, assassinada em 29 de dezembro.

Carolina, seu primo Rodolfo Queirós dos Santos, 25 anos, e Edson Siqueira dos Santos, 25, foram presos quarta-feira à noite em Cubatão, pelo Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de São Bernardo.

Em depoimento à polícia, Carolina, que é casada, teria dito que planejou os crimes para voltar à empresa onde estagiou, a Petrocoque (subsidiária da Petrobras), em Cubatão. Outro motivo seria o desejo de ficar próxima a um funcionário da gerência com o qual teve um envolvimento amoroso. Ele também seria casado.

Para conseguir seu objetivo, ela teria de abrir uma vaga na empresa. A solução que encontrou foi matar as ex-colegas. “Por mais absurdo que pareça, na visão dela, seu objetivo seria alcançado”, afirmou o delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Santos.

Carolina mora em Cubatão e é formada em Administração de Empresas. Por meio de currículo, conseguiu uma vaga de estágio de seis meses na Petrocoque, no setor de Recursos Humanos, para cobrir a vaga de uma funcionária que saiu devido à licença-maternidade. Seu estágio começou em 6 de dezembro de 2004 e terminou em 20 de junho do ano passado. Ela ganhava bolsa de R$ 600.

Segundo a polícia, Carolina ficou decepcionada por não ter sido efetivada na empresa. Após o estágio, ela voltou à Petrocoque para saber o que teria de fazer para ser contratada. “Um funcionário disse a ela que alguém teria de ser demitido ou morrer para uma vaga ser aberta. Carolina interpretou a informação da morte de maneira exacerbada, ficou com isso na cabeça e arquitetou todo o planejamento para matar duas ex-colegas”, diz o delegado seccional. Os alvos passaram a ser a assistente de planejamento financeiro Renata Borelli, 24 anos, moradora da Vila Euclides, em São Bernardo, e a tesoureira Mônica Tamer Almeida Cruz, 42.

Carolina contatou seu primo Rodolfo Queirós, também morador de Cubatão, para realizar os assassinatos, afirma a polícia,. “Eu me recusei a matar e indiquei para minha prima duas pessoas que poderiam fazer o serviço”, afirmou Queirós à reportagem. Os escolhidos foram Edson Siqueira dos Santos, o Quimbau, e Aislan Dionísio Nascimento, 24 anos. Eles receberiam R$ 3 mil pelos crimes. Ambos têm envolvimento com o tráfico de drogas na favela Cota 400, em Cubatão, segundo a polícia.

Em 18 de novembro do ano passado, o primeiro ataque. A vítima: Renata Borelli. Ela sofreu um ataque no km 34 da Anchieta, em São Bernardo, quando voltava do trabalho para a Vila Euclides. Dirigindo um Celta, Carolina teria seguido a ex-colega desde Cubatão e emparelhou os carros na Via Anchieta. Dentro do Celta também estariam Quimbau e Nascimento. Eles seriam os autores dos seis tiros contra Renata, que só foi atingida por uma bala no ombro. Ferida, ela foi até a delegacia seccional, que começou a investigar o caso. Se voltasse ao trabalho, morreria. Esse era o tom das ameaças que passou a receber desde o atentado.

Visita – Em 29 de dezembro, Mônica, outra ex-colega de Carolina, foi morta com cinco tiros em um ponto de ônibus na Praia Grande. Uma semana antes, a estagiária a visitou em casa para ver seu filho recém-nascido. “Carolina foi muito fria. Ela se mostrou articulada e sem nenhum indício de distúrbio mental. Em depoimento, ela não demonstrou nenhum remorso pelo que fez e deu a entender que faria tudo novamente”, contou o delegado Santos.

Por meio de rastreamento telefônico das ameaças que Renata recebia, a polícia chegou até Rodolfo Queirós, que delatou a prima e os outros participantes do caso, todos moradores de Cubatão. Aislan Dionísio Nascimento e Ewerton Moura Andrade, 19 anos, estão foragidos. Andrade, segundo a polícia, participou das ameaças de morte feitas à Renata por telefone.

Carolina, seu primo e Quimbau foram indiciados por homicídio e tentativa de homicídio. Se condenados, podem pegar de 12 a 30 anos de prisão. Quimbau tem passagem criminal por roubo. 




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