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Convite por aula magna gera conflito na UFABC

Ex-presidente da Caixa que vazou informações sobre caseiro de Palocci é escolhido para ministrar evento e causa polêmica na instituição

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
27/09/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Ex-presidente da Caixa Econômica Federal e ex-secretário de Finanças de São Bernardo na gestão de Luiz Marinho (PT), Jorge Mattoso foi convidado pela UFABC (Universidade Federal do ABC) para ministrar aula magna do curso de Ciências Econômicas da instituição, mas a definição da palestra causou desconforto entre professores e alunos da UFABC. Mattoso foi personagem central do vazamento ilegal de informações bancárias do caseiro Francenildo Costa, cujas acusações derrubaram Antonio Palocci do Ministério da Fazenda no segundo governo Lula.

A aula está marcada para segunda-feira, às 19h, no auditório principal da UFABC. Segundo estudantes, o professor Giorgio Romano Schutte foi quem intermediou a ida de Mattoso à universidade. Schutte não esconde elogios às gestões petistas, escrevendo artigos enaltecendo políticas públicas do governo Lula e Dilma Rousseff (PT).

A reclamação é possibilidade de aparelhamento da UFABC, projeto idealizado na administração Lula. Grupo organiza protesto contra a escolha de Mattoso para ministrar aula magna do curso de Ciências Econômicas, porém, a manifestação ainda não se confirmou.

Em nota, a UFABC informou que há autonomia entre os cursos para definirem os profissionais que conduzirão aula magna das disciplinas. A reitoria garantiu não haver influência na escolha. “Somente a aula magna que abre o ano letivo dos alunos ingressantes é determinada pela reitoria. Em 2014, a aula que iniciou as atividades acadêmicas da UFABC foi ministrada pela professora e neurocientista Suzana Herculano-Houzel, no dia 26 de junho.”

HISTÓRICO
Mattoso era presidente da Caixa Econômica Federal no início de 2006 quando surgiu o envolvimento de Palocci na CPI dos Bingos, em que o Congresso Nacional apurava denúncia de que assessor do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), extorquia dinheiro de empresários para abastecer os cofres do PT. Casas de bingo eram utilizadas como lavagem deste recurso captado de maneira ilícita.

À ocasião, Francenildo Costa, caseiro de uma das fazendas de Palocci, afirmou ter visto o ex-patrão com lobistas investigados na CPI dos Bingos. Além de discussões sobre transações financeiras, Francenildo relatou ter visto diversos políticos aliados do governo Lula patrocinando festas com garotas de programa.

Mattoso foi acusado de quebrar ilegalmente o sigilo bancário de Francenildo, já que havia suspeita de que o caseiro havia recebido dinheiro para delatar o antigo chefe. O ex-presidente da Caixa, posteriormente, admitiu o fato e pediu demissão da instituição. Ele foi indiciado pela PF (Polícia Federal). Palocci foi demitido em março de 2006.

O Diário não localizou o professor Giorgio Romano Schutte nem Mattoso. 




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