Setecidades Titulo Pediu "Suzano 2"
Estudante gera pânico em escola e diz à polícia ter sido brincadeira

Aluno do ensino médio do Colégio Metodista, em São Bernardo, fez ameaças pelo Twitter

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
25/09/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Uma brincadeira de mau gosto – seguno o autor – provocou pânico no Colégio Metodista de São Bernardo, no bairro Rudge Ramos. Um aluno de 17 anos do ensino médio fez diversas postagens no Twitter, nas quais fazia ameaças à escola e insultava funcionários, além de falar em suicídio. As postagens chegaram ao conhecimento de um grupo de pais na tarde de segunda-feira, instalando o pânico entre alunos e responsáveis. Ontem à tarde, o jovem declarou em depoimento que tudo não passou de brincadeira.

Por meio de conta privada no Twitter, que necessita de autorização para ser seguida, o menor escreveu, em 12 de setembro: “Suzano 2 por favor colégio metodista Rudge Ramos faz favor”. Em outra postagem, sem a identificação da data, o aluno escreveu: “Incrível todos os inspetores dessa m... são uns parasitas fecais”. O jovem também disse que iria se matar. 

Segundo relatos de pais e mães ouvidos sob condição de anonimato, ao saber das postagens – o aluno fez referência ao massacre de Suzano, ocorrido em março, quando dois ex-estudantes de uma escola estadual invadiram o local e mataram cinco alunos e dois ex-funcionários, e depois se mataram – muitos responsáveis foram até o colégio buscar os filhos. 

Ontem, era pequeno o número de estudantes que compareceu à aula. A diretoria da escola se reuniu com os pais e garantiu que todas as medidas de segurança foram tomadas, que não houve nenhum ato concreto contra alunos ou funcionários, que o jovem que fez as postagens foi afastado temporariamente das aulas e que está oferecendo todo apoio à comunidade escolar e aos familiares.

Ao sair da reunião, pais e mães consideravam a possibilidade de mudar seus filhos para outros estabelecimentos de ensino. A mãe de uma aluna de 13 anos não enviou a garota para a aula de ontem e disse que ela ficará sem ir à escola até que tudo seja esclarecido. A mesma decisão tomou a mãe de dois alunos, de 10 e 11 anos. “A escola tem que ser transparente sobre tudo o que está acontecendo e trabalhar a parte psicológica de todas as crianças”, declarou.

Já na parte da tarde, em depoimento no 2º DP (Rudge Ramos), onde foi registrado boletim de ocorrência por ameaça e injúria, o estudante afirmou que tudo não passou de uma brincadeira. Acompanhado do pai, professor universitário, o menor garantiu que agiu sozinho e não tinha a real intenção de atacar a escola. Segundo o pai, o garoto está arrependido da repercussão que o caso ganhou e de poder causar prejuízos à escola, colegas e a sua família.

O pai afirmou que entende a preocupação dos familiares dos demais alunos, mas que pode garantir que acompanha de perto o filho, que é “um rapaz do bem, que não tem armas e que fez uma bobeira”. 

O boletim de ocorrência e todas as oitivas já foram encaminhadas à Vara da Infância e Juventude de São Bernardo. Agora, o promotor deve marcar uma audiência preliminar para ouvir as partes. 

Ataque em Suzano deixou dez mortos

O pânico causado pelas ameças de ataque ao Colégio Metodista, que segundo o autor, um aluno de 17 anos do ensino médio da instituição foi apenas brincadeira, foi motivado pela lembrança recente de tragédia ocorrida em Suzano. Em 13 de março, dois ex-alunos da EE (Escola Estadual) Professor Raul Brasil realizaram ataque que resultou na morte de cinco estudantes e dois funcionários. 

Antes da ação, que segundo as investigações foi planejada por um ano, Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25, mataram o tio de Monteiro. Após o massacre, o atirador mais jovem matou o comparsa e em seguida cometeu suicídio. Outras nove pessoas ficaram feridas.

Para pais e mães que tiveram acesso aos prints das postagens feitas pelo aluno da Metodista, a história estava prestes a se repetir. “O colégio tentou amenizar os fatos, resguardar a família do garoto, mas a gente vê e tem histórico de que essa não é uma situação para se tratar com passividade”, relatou a mãe de uma aluno de 7 anos.

Ao fim do dia, a mesma mãe classificou a declaração do jovem como “lamentável e omissa”. “Entendo o lado do pai e da mãe, que não querem que o filho sofra retaliação, mas isso é subjugar a nossa inteligência”, opinou.

Na avaliação dessa mãe, o discurso da família e o posicionamento do colégio foi de omissão e claramente segue direcionamento de algum advogado. “Acho que a intenção do menino era real, tudo indica isso e quem articula um dia executa. É frustrante e contraditório. Se a família dele é presente, como não viu as postagens? Não é normal uma pessoa saudável incitar o ódio. Vamos continuar cobrando medidas de segurança da escola.”




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