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Mercado amplia receita de montadoras
Por Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
25/09/2010 | 07:12
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Num ano de disputa mais intensa pelo consumidor, a indústria automobilística vê suas margens diminuírem, mas sem perder dinheiro. Compensadas pelo aumento da escala, marcas aqui instaladas passam longe do vermelho. Já na posição de quarto maior do mundo, o Brasil é o apetitoso mercado em que todas montadoras querem ou precisam estar.

Praticamente a um trimestre de fechar os balanços de 2010, a projeção de crescimento nas vendas internas de 9,3% feita pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) pressupõe receita maior para a cadeia, que opera a todo vapor para encerrar o ano com 3,4 milhões de veículos emplacados e produção de 3,3 milhões de unidades.

"Com o acirramento da competição, o consumidor é beneficiado com mais ofertas", afirmou o consultor da ADK, o economista Paulo Roberto Garbossa, "Por outro lado, o clima de otimismo com a economia favorece a expansão do setor. Todo mundo sai ganhando."

Com isso, montadoras poderão recuperar perdas registradas em 2009 em relação a 2008, já que expressivas quedas nas exportações impactaram o faturamento.

No ranking nacional de faturamento, cinco das maiores montadoras instaladas no País estão entre as 60 empresas que mais faturaram em 2009, segundo levantamento feito com base em balanços divulgados no Brasil - ou no Exterior pelas matrizes.

Com produção de 857.549 veículos em 2009, a Volkswagen foi a montadora de maior receita líquida no País - descontados impostos. A empresa somou R$ 21,3 bilhões - queda de 14% em relação a 2008.

Mesmo assim, a VW ficou entre as 20 maiores companhias brasileiras - de todos os setores - ao vender, em 2009, 633.426 unidades. A Volks é segunda colocada em vendas internas, com 22,6%.

Em 2009, a Fiat teve receita líquida de R$ 20,5 bilhões - alta de 11,47% em relação ao ano anterior. A produção foi de 736.620 - 677.582 vendidos no mercado interno. A empresa está entre as 30 maiores do País, onde lidera em vendas, com 23,4% do mercado.

Também entre as 30 companhias de maior expressão, a General Motors teve receita líquida de R$ 17,9 bilhões - baixa de 4,72% em relação aos R$ 18,8 bilhões registrado em 2008. No ano passado, a GM produziu no Brasil 598.773 veículos.

Na quarta colocação do mercado nacional, com 10% das vendas, a Ford aparece entre as 60 maiores empresas do País. Em 2009, teve receita líquida de R$ 10 bilhões - baixa de 29% sobre os R$ 14,3 bilhões registrados em 2008. A empresa foi fortemente afetada pela queda na exportação, principalmente de caminhões para países sul-americanos. A Ford produziu 347.519 veículos em 2009 no Brasil.

Também entre as 60 maiores em faturamento, a Toyota apresentou, em 2009, receita líquida de R$ 9,2 bilhões - alta de 3% sobre os R$ 8,9 bilhões de 2008. Com fábrica em Indaiatuba e outra em construção em Sorocaba, ambas em São Paulo, a Toyota produziu no Brasil em 2009 62.713 unidades.


Setor movimenta R$ 150 bilhões

A grosso modo, analistas estimam que a indústria automobilística movimenta anualmente no Brasil cerca de R$ 150 bilhões. Deste total, R$ 115 bilhões são obtidos com a venda de automóveis e comerciais leves.

Das 3,4 milhões de unidades que o Brasil deverá emplacar neste ano, cerca de 180 mil serão caminhões e ônibus - cujo mercado é estimado em R$ 35 bilhões.

Além dessas cifras, desperta o interesse da maioria dos fabricantes mundiais projeções que indicam a possibilidade de o Brasil atingir 6 milhões de unidades anuais até 2020.

Para que as montadoras instaladas no País não percam o predomínio, o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, tenta conduzir o setor a tomar medidas visando a competitividade do automóvel nacional, não só em preço, mas em tecnologia e inovação. Assim, teria condições de enfrentar a concorrência externa, principalmente dos países asiáticos.

Além disso, o setor quer que o governo faça rapidamente sua parte, reduzindo carga tributária e melhorando a infraestrutura. "Não podemos perder nenhuma oportunidade daqui por diante", disse Belini.

Segundo a Anfavea, R$ 40 bilhões serão investidos nos próximos três anos pelo setor, que ainda tem a produção concentrada em veículos de baixa cilindrada - o carro 1.0 ainda representa 50% do mercado nacional.

"O perfil do mercado tende a mudar com o crescimento econômico", avaliou Francisco Satkunas, conselheiro da SAE (Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade).


Sofisticados, importados puxam ganho de fabricantes
O crescimento das importações ajuda a puxar para cima a receita das montadoras. "Geralmente mais sofisticados, carros fabricados no Exterior costumam deixar margem maior de lucro no Brasil", afirmou Francisco Satkunas, ex-executivo da General Motors.

Balanço mensal da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), aponta que a participação de importados já representa 18% do mercado nacional. Deverá fechar 2010 com 500 mil unidades. Há três anos, a participação era de 12%.

"Acordos bilaterais do Brasil com Argentina e México permitiram que montadoras comuns a estes três países intensificassem intercâmbio", afirmou Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK. "Com a produção local concentrada em compactos, as marcas trazem de fora os veículos maiores."

Segundo a Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), fabricantes que não têm produção local devem vender 80 mil unidades neste ano no Brasil - alta de 50% sobre 2009.(Wagner Oliveira)




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