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Mãe de suposta ‘laranja’ ignorou campanha da filha em Diadema

Suzana Freire ajudou Jeferson Leite (PDT) mesmo após registro do projeto de Thaina na Justiça Eleitoral

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
05/02/2021 | 00:16
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Reprodução


A mãe da candidata a vereadora do PDT de Diadema que teve zero voto e que é suspeita de ter sido laranja na eleição do ano passado ignorou o projeto da própria filha, Thaina Alves (PDT), e colaborou com outra campanha, a do hoje vereador Jeferson Leite (PDT). A ex-candidata é acusada de ter sido pleiteante de fachada para o partido burlar a cota de gênero quando, na verdade, era cabo eleitoral do hoje parlamentar.

Suzana Freire de Jesus Oliveira, mãe de Thaina, fez campanha para Leite quatro dias depois de o PDT registrar a candidatura da filha. O pedido para a inscrição da candidatura da pedetista foi feito no dia 30 de setembro. Em 3 de outubro, Suzana aparece em imagens viabilizando reuniões de apoio para a campanha de Jeferson e de Ronaldo Lacerda, então prefeiturável do PDT e atual secretário de Habitação do governo do prefeito José de Filippi Júnior (PT). Na antevéspera do registro de candidatura, inclusive, as duas participaram de encontros pró-Leite.

A mãe da candidata supostamente laranja, inclusive, foi assessora de Lacerda na Câmara.

Dissidentes da cúpula do PDT de Diadema ingressaram na Justiça Eleitoral acusando Thaina de ter sido candidata laranja – ela não só recebeu zero voto como declarou não ter tido uma despesa sequer na campanha – e indicando que a pedetista era, na verdade, apoiadora de Leite, que foi o único do partido que se elegeu, com 3.340 votos. Tanto Thaina quanto a mãe foram fotografadas ao lado de apoiadores de Leite e com o adesivo da campanha do pedetista colado ao corpo.

O Diário mostrou na terça-feira que na denúncia há outras evidências de que Thaina não teria sido candidata de fato. A peça traz a transcrição de mensagens de áudios enviadas por Lacerda no WhatsApp em que o ex-prefeiturável confirma que o projeto de Thaina serviu, na verdade, para garantir a presença de outros dois homens na chapa – a legislação prevê cota de 30% de candidaturas para um dos gêneros, mas esse índice é comumente destinado às mulheres. “Ou a gente colocava uma candidata mulher ou cortava dois homens (da chapa). Foi uma posição que a gente tomou para manter a chapa, (para) não tirar esses dois companheiros”, teria dito Lacerda ao ser questionado pelo ex-tesoureiro do partido Luciano Justi sobre a investigação do MPE (Ministério Público Eleitoral) a respeito do desempenho de Thaina nas urnas.

Presidente do PDT durante a eleição, Roberto Holanda chegou a afirmar ao Diário que Thaina explicou ao MPE que desistiu de disputar, embora o partido não tenha dado baixa no sistema de registros de candidatura da Justiça Eleitoral. Caso o fizesse, teria de cortar outros homens da chapa para garantir a proporcionalidade de gênero. Hoje rachado com Lacerda, Holanda alega que nem sequer sabia que Thaina havia sido candidata e é um dos que patrocinam a denúncia contra o próprio partido que comandou até meses atrás.

Ao Diário, Jeferson Leite explicou que não participou da formatação da chapa e que segue tranquilo, a despeito de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recomendar a cassação de toda a chapa, inclusive dos eleitos, caso fique comprovada a existência de candidaturas laranjas. 




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