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Clóvis Volpi revela herança de R$ 238,8 mi em dívidas

Prefeito de Ribeirão cita que restos a pagar chegam a R$ 87,3 mi e secretário de Finanças prevê equacionar quadro em 20 anos

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
05/02/2021 | 00:02
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Nario Barbosa/DGABC


O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PL), divulgou ontem o balanço financeiro da gestão e informou que herdou do governo de Adler Kiko Teixeira (PSDB) a administração com R$ 238,8 milhões em dívidas, sendo R$ 87,3 milhões em restos a pagar. Volpi classificou o trabalho do antecessor como “uma catástrofe”.

O volume do passivo representa 64% do orçamento deste ano previsto para Ribeirão Pires (R$ 372,8 milhões) – e a gestão Volpi acredita que herdou peça orçamentária superestimada, ou seja, o total de ingresso de receita não se confirmará. Nas contas da Prefeitura, será preciso passar período de 20 anos para que haja o equílibrio financeiro no Paço.

Volpi discorreu sobre os números em entrevista coletiva ao lado de secretários de pastas que apresentaram os maiores problemas orçamentários – Finanças, Saúde, Infraestrutura, Educação e Esporte. “Quando lançamos a candidatura, sabíamos que teríamos muitos problemas pela frente. Mas recebemos uma Prefeitura com muito mais dificuldade do que imaginávamos. Vamos demorar muito para colocar a casa em ordem. É uma catástrofe administrativa, um verdadeiro desmando. E aviso que talvez não tenhamos chegado ao ponto final desses desmandos”, pontuou Volpi.

“Eu já tive a honra de exercer diversos postos públicos, fui vereador, deputado, estive no poder Executivo estadual (foi adjunto de Esporte, Lazer e Juventude). É o pior cenário que já vi na minha vida”, comentou Volpi.

Segundo Eduardo Pacheco, secretário de Finanças de Ribeirão, dos R$ 87,3 milhões em restos a pagar – dívida de curto prazo de serviços executados recentemente sem pagamento –, R$ 52 milhões foram contraídos no ano passado, quando Kiko buscou a reeleição, sem sucesso. “ Não quero fazer ilações, mas causa estranheza esse número ter aumentado muito em ano de eleição”, discorreu.

Pacheco listou que o rombo do Imprerp (Instituto Municipal de Previdência de Ribeirão Pires) atinge a marca de R$ 41,1 milhões. Ele também comentou que foi apurado que o governo Kiko não empregou o percentual mínimo em educação, em desconformidade com a Constituição Federal. Nas contas do atual governo, em vez dos 25% constitucionais, a gestão de Kiko despendeu 22% na área. Confirmado esse cenário, as contas serão reprovadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), abrindo, inclusive, margem para denúncia de improbidade administrativa.

“É preciso acertar a casa e as contas e, dessa forma, prevemos que pode levar 20 anos para balancear as finanças. Essa é a forma que encontramos para conseguir acertar as contas sem que haja deficit para as contas da Prefeitura. Não temos condições de pagar essa dívida em prazo menor. Vinte anos é o tempo mínimo que encontramos para acertar essa dívida sem prejudicar o pagamento dos outros funcionamentos do Executivo, como o pagamento de funcionários, por exemplo”, emendou Pacheco, relembrando planejamento de Volpi de enxugar o número de secretarias, reduzir a folha de pagamento e buscar renegociar a dívida com fornecedores.

Diante do prisma financeiro, Volpi e Pacheco alertaram que devem levar o relatório para conhecimento do Ministério Público. “Vimos uma gestão de pessoas que não tinham o menor zelo, menor controle financeiro, menor conhecimento do conceito de cidadania e responsabilidade com o cidadão que está na ponta. Por isso peço paciência porque vai demorar um pouco para implementar o que desenhamos. Mas não fugiremos de nossas responsabilidades”, comentou Volpi.

O chefe do Executivo, que já sinalizou não querer disputar a reeleição em 2024, pediu que seus sucessores tenham entendimento de que não é possível deixar de seguir uma linha de contenção de gastos se o objetivo for sanear as contas públicas municipais.

Kiko não retornou aos contatos da equipe do Diário para comentar as acusações de seu sucessor. 




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