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Uma autêntica festa do interior
Por Alessandro Soares
Enviado a Gramado
30/03/2006 | 08:31
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Uma festa de agricultores pode ter atrativos de charme além da roça, como a 16ªFesta da Colônia, na cidade serrana de Gramado (RS), arquitetonicamente inspirada em estilo europeu montanhês. Os “colonos” são os descendentes de alemães, maioria, e italianos que imigraram para povoar a região. São todos agricultores e vivem dos produtos do campo vendidos na cidade e na Festa da Colônia, que termina no próximo domingo. Neste período, eles tiram mais de um terço de sua renda anual – o delicioso bolinho de batata sai a R$ 1 três unidades. É uma autêntica festa do interior.

Estive na cidade serrana gaúcha uma meia dúzia de vezes, sempre durante o frio inverno gaúcho para acompanhar o tradicional Festival de Cinema de Gramado. Portanto, visitar a cidade com uma temperatura amena e observá-la sob um aspecto que foge aos olhos na correria da cobertura de filmes, atores, atrizes e diretores era tentador. E lá fomos nós, uma press trip (viagem para jornalistas) com 14 jornalistas de veículos de São Paulo, Rio, Minas, Paraná e Santa Catarina. Ficamos confortavelmente instalados no ótimo Hotel Serrano, famoso como residência oficial de astros e estrelas de cinema durante o festival e também sede das baladas noturnas mais agitadas, e onde fomos bastante mimados pela simpática relações públicas.

No programa de atividades fizemos alguns passeios, entre compromissos com entrevistas. Fomos ao Parque Estadual do Caracol em Canela (RS), onde fica um dos cartões-postais da região: a bela e imponente Cascata do Caracol, exatamente na divisa entre os dois municípios, situada num parque cheio de araucárias e outras espécies vegetais e cânions (R$ 10). Evite o trenzinho da cidade-fantasma do velho oeste (R$ 5), a não ser que você tenha menos de 6 anos. Sentimos falta de uma ida até o centro de Canela, igualmente “européia”. Visitamos também propriedades rurais que se abrem ao agroturismo para mostrar ao turista como a galinha bota ovo, como alimentar os animais, como destilar cachaça etc. Pode ser que o cidadão tipicamente urbano se interesse como curiosidade, mas o atrativo ainda precisa de melhor apresentação, em que pese a boa vontade dos sitiantes. E é cara (R$ 38 por pessoa) para oferecer pouco.

A Festa da Colônia é o momento em que os “colonos” tornam-se os atores principais e quando a palavra tradição fica em voga em Gramado. Famílias inteiras se oferecem para preparar os alimentos produzidos por eles e servi-los aos visitantes. O restaurante da festa foi montado num galpão, dividido à direita para pratos alemães e à esquerda para italianos, e servia a R$ 12 por pessoa uma farta refeição colonial típica das nacionalidades presentes.

Barracas vendiam muita comida típica – muita mesmo – e produtos rurais como queijos, embutidos, vinhos, suco de uva, graspa (um destilado de bagaço de uva, tão forte quanto uma cachaça), cucas recheadas, pães, bolos, biscoitos de nata etc., tudo com preços bastante convidativos a escapar várias vezes da dieta. É da roça – ou do interior, segundo os dizeres locais – para a cidade, sem intermediários.

Desfile – Esse desfile de tradições tem um forte apelo emotivo para o gramadense e moradores da região. Não deixa de ser uma atração simpática para visitantes porto-alegrenses – afinal, Gramado fica a 107 quilômetros da capital gaúcha, ou 1 hora e 45 minutos de carro. Estes, e turistas de outros estados que desembarcaram na cidade, até acham a festa “trilegal”, principalmente os nostálgicos de como era a vida no campo e como eram gostosas as guloseimas feitas na hora, e os que se emocionam com os pontos altos da festa: bailarinas dançando cenas alusivas à imigração e o desfile de carretas, ou carro-de-boi. A Festa da Colônia tem caráter bastante local – muitos turistas que lá estavam não vieram exclusivamente pela festa –, mas não deixa de ser um atrativo a mais numa cidade que tem um forte apelo ao aconchego romântico, com bons restaurantes de massas, fondues e galeterias, e o sempre convidativo chocolate produzido ali mesmo, e que durante a Páscoa é a estrela da serra.

(O repórter viajou a convite da CVC e do Hotel Serrano.)



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