Nos desfiles das escolas de samba de São Caetano duas agremiações empolgaram o público e apontam como favoritas. A Tradição da Ponte e a Acadêmicos de Vila Gerty levantaram a plateia de cerca de 7.000 pessoas com alegorias elaboradas e boa performance da bateria. Apesar do frio e do vento, a população lotou as arquibancadas da Avenida Guido Alibertti, onde foi montada a passarela do samba.

A Tradição da Ponte foi a primeira a apontar na avenida, às 20h50, 20 minutos após o horário divulgado pela Prefeitura. Com alegorias grandiosas e bem acabadas, a escola encantou na avenida com componentes em sincronia com o samba-enredo e interagindo com a plateia.

O enredo que falava sobre a mistura das raças levou para o sambódromo a história da origem do povo brasileiro, representada em três alegorias. A primeira simbolizava o navio de portugueses que chegou para colonizar o Brasil. A ala dos portugueses veio logo em seguida, ainda em menção à chegada dos europeus no País.

A cultura dos indígenas foi lembrada no segundo carro alegórico, como parte da herança de cada brasileiro. Uma grande oca feita de palha foi montada em cima da alegoria, sobre uma passista que sambava despreocupada com a altura de pelo menos cinco metros. Mais abaixo, outras garotas fantasiadas de índias atraíram a atenção do público e dos jurados. Uma delas surpreendeu ao desfilar grávida, e com os seios à mostra.

Antes da entrada da terceira alegoria, a bateria numerosa da escola arrancou aplausos do público. Representando o negro, o terceiro carro alegórico apareceu com uma grande jaula, onde dois escravos corriam de um lado para o outro demonstrando fúria.

Atrás, um imenso negro completava a alegoria, que trazia mais três afrodescententes à frente do carro. O desfile da escola teve aproximadamente 45 minutos e surpreendeu o presidente, Milton Pereira Junior, o Miltão. "O desfile foi além do que eu previa e deu tudo certo. Espero que o público tenha curtido. Agora é esperar o resultado", declarou.

HOMENAGEM - Neste ano, a Unidos da Vila Maria completa dez anos de Grupo Especial no Carnaval de São Paulo. A ligação entre o presidente da Acadêmicos da Vila Gerty, José Alberto Ramos Prata, o Tua, e o da agremiação da Capital, Paulo Sérgio Ferreira, motivou a escolha do tema, que trouxe a primeira alegoria da escola de São Caetano com um grande símbolo da agremiação paulistana: a águia. Uma locomotiva em movimento representando a indústria siderúrgica paulistana foi retratada no segundo carro da Acadêmicos.

Para finalizar o desfile, um bolo gigantesco simulou a comemoração da permanência da escola paulistana na elite do Carnaval de São Paulo. Com cores alternadas, o carro arrancou sorrisos da torcida. Em volta, dezenas de crianças. "São elas quem mais gostam de bolo", disse Tua, justificando a ideia. A bateria também encantou e mostrou intimidade com o samba-enredo, ao desfilar com coreografias precisas.

"Valeu a pena as noites sem dormir. Entramos para ganhar, pois ninguém entra para perder. A expectativa é o título. Mas, o mais importante, é ver o público nos aplaudir", afirmou Tua, ansiando pela sexta conquista da história da escola, atual campeã do Carnaval de São Caetano e terceira a desfilar na noite de sábado.