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Intercâmbio no exterior atrai 269 jovens

Programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal, oferece bolsa de estudos a universitários

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
31/03/2013 | 07:00
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Uma semana depois de retornar da Alemanha, o estudante Danilo Massuela, 22 anos, ainda está com dificuldades de se adaptar a sua antiga vida em São Bernardo. O jovem é um dos cerca de 269 estudantes do Grande ABC que participaram do programa Ciência sem Fronteiras e passaram um ano da graduação estudando em outro país.

O clima é o que mais incomoda Danilo. O estudante do 5º ano do curso de Engenharia de Alimentos do Instituto Mauá de Tecnologia explica que na Europa março corresponde ao fim do inverno, enquanto aqui estamos nos despedindo do verão.

Apesar de ainda não ter tido tempo de colher os frutos do intercâmbio no exterior, Danilo confessa que além da capacitação educacional e profissional, que é o principal intuito do programa do governo federal criado em dezembro de 2011, há crescimento pessoal. "A gente aprende a enxergar o mundo de forma mais crítica, faz contatos e aprimora o idioma", afirma.

Pouco mais de um ano após a criação do programa, UFABC (Universidade Federal do ABC), campus Diadema da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Instituto de Engenharia Mauá, Universidade Metodista de São Paulo, USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), FSA (Fundação Santo André e Anhanguera enviaram alunos para países como Estados Unidos, Canadá, Portugal e Austrália.

Além disso, estão em processo de seleção para embarcar no segundo semestre 566 jovens. Para se manter no país escolhido, o aluno recebe auxílio financeiro de acordo com o local, além de moradia e alimentação. A bolsa varia de 300 dólares (cerca de R$ 600) a 860 euros (R$ 2,5 mil). "O dinheiro pago é suficiente para se manter, comprar livros e roupa, além de possibilitar viagem para locais próximos nas férias", garante Danilo.

No caso da aluna do curso de Engenharia de Energia da UFABC (Universidade Federal do ABC) Ana Fernandes, foram 300 dólares mensais para estudar por um ano em Lincon, nos Estados Unidos. Para a jovem, a bolsa de estudos foi a única oportunidade de estudar fora do País, tendo em vista a falta de condições financeiras da família.

A principal dificuldade da jovem foi a adaptação no retorno em relação à segurança. "Lá a gente não se preocupa com roubos ou violência", diz.

A bolsa de estudos contempla alunos de cursos tidos como prioritários pelo governo, como Tecnologia, Engenharia e área científica. Os estudantes precisam ter perfil de excelência para ser aprovados em processo seletivo interno na universidade e externo, feito pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

O programa tem como meta oferecer 75 mil bolsas custeadas pelo governo federal e 26 mil com recursos da iniciativa privada até 2015.

Dificuldade com o inglês é principal entrave para bolsas

A principal dificuldade para a obtenção de bolsas de estudo do Programa Ciência sem Fronteiras é o nível de fluência no idioma. Para participar do programa, os candidatos precisam de certificado emitido por instituições internacionais que avaliam o nível de proficiência da língua exigida no país para onde embarcarão.

Exemplo pode ser observado na FSA (Fundação Santo André). Foram oferecidas duas vagas para estudantes da faculdade no primeiro semestre de 2012, no entanto, nenhum aluno embarcou. "A grande maioria não cumpre a exigência do teste de inglês, que é bem rigoroso", explica a pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da FSA, Márcia Laporta.

Com o passar do tempo, a tendência é que governo e universidades se adaptem e encontrem maneiras de facilitar e estimular mais alunos a participar do programa, acredita o pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo, Fábio Josgrilberg. "É um processo válido porque toda experiência profissional é rica e exigida para conseguir um bom emprego."

Ao passo que o projeto fica mais conhecido e estudantes voltam do exterior, há aumento da credibilidade. Para o coordenador administrativo de relações internacionais do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), os estudantes passaram a enxergar a oportunidade como mais próxima e possível. "Percebemos que há aumento da procura e interesse dos alunos", garante.

Entre os benefícios destacados pelos especialistas está o aprimoramento do senso crítico do aluno no retorno, o que colabora para a melhoria do processo educacional no País.




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