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Raúl Castro imprime novo ritmo a Cuba
Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC
14/04/2008 | 07:00
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A cada dia, o mundo é surpreendido por mais uma nova medida do presidente cubano Raúl Castro. Prestes a completar dois meses como comandante do governo da ilha comunista, o irmão de Fidel Castro imprime uma dinâmica reformadora no país e cumpre aos poucos a promessa de eliminar o excesso de proibições e medidas legais que prejudicavam a população.

Em menos de 60 dias, Raúl já implementou uma série de mudanças, algumas delas até surpreendentes e não esperadas por uma grande parte de analistas internacionais. Um artigo publicado no sábado no Granma, jornal oficial do Partido Comunista, afirma que as reformas anunciadas por Raúl Castro podem ser apenas o início de mais mudanças na ilha.

Na última sexta-feira, o governo cubano anunciou a mais recente delas. Uma medida publicada no diário oficial promete tornar mais rápidos os trâmites para que funcionários públicos possam adquirir moradias pertencentes a entidades do Estado. Além disso, Cuba também está reformando seu sistema de salários a fim de criar incentivos para permitir que os trabalhadores recebam o máximo que puderem. Não haverá mais teto salarial, em um Estado que controla 90% da economia da ilha e que dá empregos para a grande maioria da população.

Agricultura - Entretanto, a medida mais ousada tomada pelo novo presidente está na agricultura. O governo comunista decidiu ceder terras ociosas do Estado à iniciativa privada, com o objetivo de aumentar a produção de alimentos, tabaco e café e também diminuir o montante que o país paga anualmente para importação desses itens - em 2007, o governo gastou US$ 1,6 bilhão. De acordo com dados oficiais, dos 3,5 milhões de hectares cultiváveis da ilha, 32,6% pertencem a pequenos proprietários ou Cooperativas de Produção Agropecuárias, 42% a cooperativas estatais e o restante a empresas estatais. Entretanto, 51% das terras estão ociosas ou exploradas de forma insuficiente.

Outra medida que está sendo implantada para impulsionar o setor agrícola é a constituição de delegações de agriculturas nos 169 municípios da ilha, que a partir de agora terão autonomia em suas decisões. Martha Lomas, ministra do Investimento Estrangeiro em Cuba, declarou na última semana que o governo estuda propostas na produção de arroz, e também não descarta investimentos na pecuária.

Consumo - As mudanças implementadas por Raúl Castro também contemplaram os bens de consumo. Desde 1º de abril, a população foi autorizada a comprar vários artigos eletroeletrônicos, incluindo computadores e motonetas, antes proibidos na ilha. O governo também liberou a venda de aparelhos celulares, antes permitidos para empresas, funcionários do governo e estrangeiros. As mudanças ainda incluíram a permissão para que os cubanos freqüentem livremente os hotéis da ilha, direito reservado anteriormente apenas aos turistas.

Embora não tenha citado diretamente o irmão Raúl, Fidel Castro fez críticas ao consumismo, em artigos públicos pelo Granma. Ele chamou as invenções tecnológicas vendidas no comércio do mundo inteiro, como CDs, DVDs, telefones celulares, microondas, além da internet, de “tipo de existência prometido pelo imperialismo”. Na última sexta-feira, o líder cubano, que ficou 49 anos à frente do comando da ilha, criticou “os teóricos do acesso fácil aos bens de consumo” e alertou aos cubanos que “uma volta ao capitalismo eliminará todos os êxitos sociais de sua revolução”.



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