Política Titulo Entrevista
‘Se tiver de defender os clubes, serão todos’, alega Andrés Sanchez
Por Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
19/06/2014 | 07:42
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Nario Barbosa/DGABC


As respostas foram curtas e diretas. Daquele jeito meio sem paciência que a gente vê na televisão quando o assunto é futebol e Corinthians. Mesmo com o tema política em pauta, Andrés Sanchez, candidato a deputado federal pelo PT, não mudou sua maneira de ser, como muitos fazem para ganhar a simpatia da imprensa e do eleitor. O dirigente esportivo e empresário atendeu a equipe do Diário ontem, em Santo André, durante almoço promovido por empresários corintianos que homenagearam Rivellino, o maior ídolo do clube (acompanhe o vídeo do bate-papo com o ex-jogador amanhã, a partir das 9h, no DGABC News – www.dgabc.com.br/tv). Foram cinco minutos e 11 segundos de entrevista com Andrés. Foi assediado, sendo tratado como o melhor presidente da história do Corinthians. Entre dezenas de pedidos de fotos e autógrafos, parou para atender a reportagem. Ao ser abordado por um fã para uma selfie no meio de uma resposta, foi mais uma vez Andrés Sanchez. “Estou conversando aqui, só um minuto”, pediu, com olhar fulminante ao interlocutor, que entendeu o recado e aguardou ao lado. Sobre sua primeira candidatura em 28 anos filiado ao PT – desde 1986, mas com atualização de dados em 2009 –, o dirigente afirma que espera ter votos de palmeirenses e são-paulinos, apesar da rivalidade clubística. “Sou um cara que sempre atendi todo mundo muito bem e o voto é diferente de quem gosta de futebol”, discorre o petista, que também fala do apoio do amigo Ronaldo a Aécio Neves (PSDB), de Copa do Mundo e da presidência da CBF.

Filiado ao PT desde 1986, ficou afastado e atualizou a ficha em 2009. Por que resolveu entrar na política e por que resolver ser candidato neste ano?
O pessoal da Zona Leste, o pessoal do Corinthians e o próprio partido me pediram várias vezes, e eu sempre falei ‘não’, porque eu tinha uma ou outra coisa para fazer, mas infelizmente desta vez eu não tinha nada. Sou amigo dos amigos, parceiro dos parceiros, e aceitei.

O sr. já visitou lideranças de Diadema e Santo André nesta pré-campanha em busca de parcerias. O que espera do Grande ABC na eleição?
Eu não espero nada. Vou tentar ajudar o máximo que eu puder, de maneira geral. Agora, o que precisamos fazer é uma reforma política, porque do jeito que está o País não vai para frente.

O que o sr. defende?
Não ter reeleição para nada (nenhum cargo, de vereador a presidente), aumento do mandato para cinco ou seis anos sem reeleição, voto distrital, esse tipo de coisa que é mais controlada. Quem tem de pagar campanha é poder público, nada de cada um paga a sua... esse tipo de coisa. Igual aos Estados Unidos e aos maiores países da Europa.

Como vai ser a arrecadação de recursos da sua candidatura?
Dinheiro meu e da minha família e uma parte o partido vai pagar (até R$ 3 milhões no total).

Vale a pena investir esse dinheiro para ser deputado federal?
Não sei. Já que eu me meti nesse rolo, é melhor eu gastar do meu do que pedir para os outros.

Não vai aceitar doação de empresas por quê?
Vou de cara limpa. Não tenho nada contra quem dá.

Como vai ser disputar votos com outros candidatos corintianos, como o vereador paulistano Antonio Goulart?
Isso é indiferente. O Goulart é um grande amigo. Tem os votos mais na Zona Sul. Espero que as pessoas que votaram nele continuem, porque ele merece, é um grande vereador em São Paulo. Eu não vou disputar voto com ninguém. O voto está aberto e cada um vota naquela (candidatura) que a consciência mandar.

Se eleito, o que vai fazer para não ser só mais um entre 513 deputados?
Vou impor uma linha, não vou mudar meu jeito de ser sincero. Honestidade é obrigação. É falar a verdade. E bater forte para ter uma reforma política de ponta a ponta.

Foi bastante discutida essa reforma no início deste mandato presidencial, mas não saiu. Será que sai no próximo?
O Estádio do Corinthians não ia sair e saiu. Tenho de tentar. Se não sonhar eu, vai sonhar quem? Meu pai, com 84 anos?

O eleitor vai saber diferenciar futebol de política? Espera receber voto de palmeirense e são-paulino, por exemplo?
Lógico, com certeza. Até porque tenho parentes palmeirenses e são-paulinos que vão votar em mim. Mas é óbvio, sou um cara que sempre atendi todo mundo muito bem e o voto é diferente de quem gosta de futebol. Se eu fosse falar de futebol no Congresso, continuaria no Corinthians. E se tiver de defender os clubes, serão todos os clubes. Agora, não vou me apegar na linha do futebol não.

O sr. fez algumas críticas à presidente Dilma, que chamou a Arena Corinthians de Itaquerão e por ter recebido o Bom- Senso FC...
(Interrompe a pergunta) Igual você falou agora.
Eu falei (Itaquerão) porque tem a ver com a pergunta... Mas é difícil ver essa postura entre correligionários. Falta personalidade aos políticos?
Eu não critiquei, só disse que ela errou em receber só o Bom-Senso. Ela tem de receber o sindicato dos atletas, os clubes, só isso.

Como tem absorvido condição de puxador de votos do partido?
Isso é você quem está falando.

O partido é que coloca o sr. nessa condição.
Então manda o partido fazer mais coisas.

Como vê o apoio de Ronaldo (ex-jogador) a Aécio?
Ronaldo tem 36 anos, tem CPF, é maior de idade, ele apoia quem ele quiser. Do mesmo jeito que ele vai me apoiar. Ele é livre para isso. As pessoas têm de separar uma coisa da outra. Lula não é candidato. Ele é amigo do Lula e amigo do Aécio. Lula não é, ele vai apoiar o outro amigo dele. Eu respeito a opinião das pessoas.

Qual avaliação da Copa até agora, dentro e fora de campo?
Apesar de as pessoas torcerem contra, principalmente a imprensa, está sendo um sucesso em tudo.

A Seleção está indo bem?
Não sei. É o segundo jogo, é líder da chave. Vou falar que está indo mal?

Presidente do Corinthians nunca mais?
Nunca mais eu não vou dizer, mas vou lutar muito para não ser.

E da CBF?
Nunca quis ser. Nunca fui candidato.

Mas para 2018 já está articulando um grupo de oposição.
Isso sempre vai ter, mas na hora os presidentes de federações cedem.




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