Setecidades Titulo Efeitos da pandemia
Março tem mais óbitos que nascimentos na região

Cenário é o oposto ao que foi vivenciado no mesmo período do ano passado

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
11/04/2021 | 00:01
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Divulgação


 A dentista Suzi Ester Coelho Lim, 37 anos, e o atleta de crossfit Diego Roberto Brunete Coelho, 35, adiaram por alguns meses o sonho de ter filho. Ambos começaram o tratamento para fertilidade em 2019, mas, após diversas consultas, medicações e exames, resolveram esperar mais um pouco. A decisão foi motivada pela pandemia e o casal preferiu esperar até que ambos estivessem vacinados. Os dois moram em Brasília e estão fazendo o tratamento no Instituto Ideia Fértil, em Santo André, cidade onde morava Coelho.

Após oito anos de casamento, quando finalmente todas as condições eram favoráveis para a gravidez, os empresários Andressa Dantas, 36, e Ícaro Marchatto, 33, foram surpreendidos pela chegada da pandemia. As incertezas sobre os efeitos da doença em grávidas e bebês fez com que o casal, que mora em Santo André, resolvesse esperar mais um pouco. O plano agora é tentar a gravidez entre o fim deste ano e início de 2022.

Medo das consequências da Covid e da instabilidade econômica, entre outros fatores, tem feito diversos casais adiarem a gravidez. Esse cenário fez com que, em março, o número de mortes fosse maior que o de nascimentos no Grande ABC. Foram 3.040 perdas contra 2.430 bebês que vieram ao mundo. Na comparação de março de 2021 com o mesmo mês de 2020, o aumento nos óbitos foi de 95,1% e houve estabilidade nos nascimentos, com queda de apenas 0,1% – foram 2.430 em 2021 e 2.433 em 2020.

Nos três primeiros meses deste ano, em números absolutos, ocorreram 2.869 mais mortes do que no primeiro trimestre de 2020 (aumento de 70,9%). Já em relação aos nascimentos, a situação é oposta. No ano passado nasceram 713 bebês a mais do que neste ano – veja os números na arte ao lado. Os dados são do Portal da Transparência do Registro Civil, administrado pela Arpen-Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais).

Coordenador da IPC Marketing Editora, empresa especializada em pesquisas, Marcos Pazzini alertou que os dados de nascimento e óbitos não são suficientes para análises sobre crescimento populacional, uma vez que não se consideram movimentos como de migração e imigração. Para isso, é fundamental a realização de novo censo demográfico, que deveria ter sido realizado em 2020, foi adiado pelo governo federal para 2021, e semana passada foi definitivamente cancelado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) pela falta de dinheiro no orçamento.

Pazzini pontuou que a queda no número de nascimentos deve continuar, uma vez que a pandemia vem agravando a crise econômica e os casais estão cada vez mais receosos em ter filhos. O especialista ainda alerta para as projeções feitas anteriormente de que a partir de 2022 haveria inversão na pirâmide social e o País vai ter mais pessoas fora da chamada idade produtiva. “O bônus demográfico (período em que o Brasil tinha mais pessoas trabalhando do que crianças ou idosos) já passou”, lembrou.

Após encontro surpreendente, casal adiou sonho de ter um filho
Adiar por alguns meses, ou até quem sabe um ano, o sonho de ter filhos por causa da pandemia não será a primeira dificuldade enfrentada pelo casal Suzi Ester Coelho Lim, 37 anos, e o atleta de crossfit Diego Roberto Brunete Coelho, 35. Os dois moram em Brasília, no Distrito Federal, e já tiveram que superar a distância – no início do relacionamento ela morava na Capital Federal e ele, em Santo André – e a paralisia que afetou Coelho, após um acidente de automóvel.

O ano era 2011 e os dois se conheceram em uma viagem à China. Assim que voltaram, Coelho terminou um relacionamento e foi até Brasília pedir Susi em namoro. Após receio inicial sobre manter a relação a distância, a jovem aceitou e programou sua primeira vinda a Santo André. Poucas horas depois de Suzi ter chegado ao Grande ABC, o casal sofreu um acidente de carro.

A dentista voltou para Brasília e Coelho ficou internado. Seu quadro piorou, entrou em coma e, durante um procedimento cardíaco, sofreu lesão na medula que o deixou em uma cadeira de rodas. O rapaz teve alta após 60 dias de internação e viu seu peso chegar a 133 quilos nos primeiros dois anos após o acidente. Decidido a mudar de vida, fez cirurgia bariátrica, passou a fazer exercícios físicos e hoje participa de campeonatos de crossfit no Brasil e no Exterior. Foram sete anos de namoro a distância. No fim de 2017 ele se mudou para Brasília e em janeiro de 2018 os dois se casaram.

“A gente quer muito ter um filho, mas achamos melhor esperar mais um pouco e retomar o processo no meio do ano (quando a pandemia deve estar mais controlada)”, explicou Coelho. Desejosa de viver apenas uma gravidez, Suzi torce para que a inseminação que será feita em breve resulte em gravidez gemelar. “Seria ótimo termos dois bebês e um faria companhia para o outro”, completou a dentista.




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