Esportes Titulo Ramalhão
Em Vouzela, torcedor une
EC Santo André e João Ramalho

Em visita à cidade natal do patrono andreense, Maurício Noznica entrega uma carta e camisa à Câmara local em busca de aproximação histórica

Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
31/12/2019 | 07:00
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Arquivo pessoal


Apelido, mascote e parte integrante do hino, João Ramalho, para o torcedor do EC Santo André, é muito mais do que o português que, em 1553, fundou Santo André da Borda do Campo – que séculos mais tarde se transformaria no Grande ABC. Os fãs andreenses têm o aventureiro e explorador como um talismã. E, em busca de estreitar relações entre o clube e a origem do luso, o publicitário Maurício Noznica, 42, esteve na cidade de Vouzela (onde João Ramalho nasceu, em 1493) e entregou à Câmara uma camisa oficial do clube e uma carta do presidente Sidney Riquetto. A vereadora Carla Maia foi quem recebeu o manto.

“Tudo começou com a reinauguração da estátua do João Ramalho (setembro, em Santo André, passando do Paço à Praça dos Correios), que me fez resgatar um pouco da importância dele como símbolo, não só para cidade como para o time, porque é nossa mascote”, declarou Maurício, o Mau. “Fiz entrega oficial para nos aproximar das origens. É um jeito de o Santo André ampliar suas forças”, completou o torcedor andreense.

“Realmente foi uma bela iniciativa do Maurício, que nós adotamos integralmente, voltando às raízes do fundador da nossa cidade”, elogiou Sidney Riquetto.

No conteúdo da mensagem – endereçada ao presidente da Câmara local, Rui Ladeira, “um apaixonado por futebol”, segundo Mau –, o mandatário ramalhino contou sobre a história do EC Santo André, origem e motivo da escolha do fundador da cidade para representá-lo “como forma de resgate histórico”. Segundo Riquetto, o clube “busca sempre honrar o presente da cidade e, também, a memória histórica de João Ramalho”.

Além disso, a carta ainda falava sobre o inusitado fato de o clube utilizar um personagem histórico como mascote, na contramão dos demais times nacionais. “Fugindo a uma espécie de tradição dos clubes brasileiros que escolhem bichos como seus representantes, o Santo André resgatou a história do município ao colocar o patrono da cidade.”

João Ramalho tem grande importância e relevância para os portugueses. E os vouzelenses conhecem seus passos. “Ensinam nas escolas um pouco da história do João Ramalho, que é um tipo de personagem ilustre para os portugueses. E a cidade, além de histórica, é cheia de coisas dele”, contou Mau, que aproveitou o passeio e foi ao Estádio Municipal dos Chãs, casa do Vouzelense, que é líder da AF Viseu 1ª Divisão Zona Norte, uma subdivisão de um dos campeonatos distritais de Portugal.

Acostumado a levar o Santo André em suas viagens pelo mundo, Maurício Noznica já entregou camisas do Ramalhão a torcedores de pelo menos outros 12 países: Argentina, Peru, Uruguai, Espanha, Croácia, Sérvia, Romênia, Bósnia, Alemanha, Holanda, Bélgica, Bulgária e Chile. “Não gosto de puxar nada para o particular, porque nossa torcida tem cada vez mais forte um compromisso coletivo. Faço em nome do coletivo dos torcedores e faço questão que todos se sintam parte disso. Pela primeira vez tentei fazer com um mínimo de oficialidade maior, então quem deu a camisa foi o próprio clube e o presidente mandou a carta. Fui um mensageiro de uma comunicação oficial”, concluiu Mau.

Diário deu origem à mascote, relembra ilustrador Juarez Corrêa

A origem da criação da mascote do Santo André passa pela Rua Catequese, 562. Isso porque o ex-ilustrador do Diário Juarez Corrêa foi quem deu forma ao personagem, em 1981, a pedidos do então editor de Esportes à época, Donizeti Raddi.

“O Ramalhão foi criado na Redação do Diário. Na época, havia uma torcida com este nome. O Donizeti Raddi tinha uma coluna em que só falava do Santo André e se referia ao time como Ramalhão, por causa dessa torcida. Quando o Santo André subiu pela primeira vez para a Primeira Divisão, ele falou da necessidade de criar a mascote e criei o personagem Ramalhão. Logo depois que criei, um diretor, Turcão, me procurou para oficializar como mascote oficial do clube”, relembra Juarez.

Para chegar ao desenho final (veja abaixo), o ilustrador usou como referência um símbolo andreense, com algumas pitadas de seu grande inspirador: Mauricio de Sousa. “Me inspirei na estátua do João Ramalho (que ficava) no Paço Municipal. Acho que é a mascote mais original de todas em função disso.”

O ilustrador criou ainda outras mascotes de equipes do Grande ABC, como o Cachorrão, do EC São Bernardo – a pedido do então presidente Felipe Cheidde – e o Tigre, do São Bernardo FC – solicitação do fundador e ainda mandatário Edinho Montemor. “Mas o que tenho mais carinho é o Santo André, moro aqui. É o mais antigo, então tenho carinho”, admite.

Atual ilustrador do Diário, Fernandes fez releitura do Ramalhão (veja ao lado), mais forte.




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