Setecidades Titulo Crise
Região continua a economizar água

Moradores que adotaram hábitos durante a
crise hídrica prosseguem com redução no consumo

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
15/03/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Após a declaração do presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Jerson Kelman, de que a crise hídrica acabou, dada em entrevista exclusiva ao Diário, vem a pergunta: será que a população deixará de se preocupar e passará a desperdiçar água? As chuvas quase que diárias têm enchido os reservatórios, o que também poderia levar a um relaxamento da economia por parte dos cidadãos. Apesar disso, grande parte dos moradores do Grande ABC mostra que a consciência do uso racional de água veio para ficar.

A dentista Claudia Cristina Brezolini, 45 anos, possui consultório no bairro Olímpico, em São Caetano, e o sistema de captação de águas pluviais que instalou dois anos antes da crise, somadas às torneiras especiais continuam sendo seus aliados na economia. Ela, inclusive, foi uma das seis pessoas que pouparam pelo menos 10% de água na cidade, entre maio e agosto de 2014, e, em janeiro do ano passado, conquistaram um carro Celta zero-quilômetro, por meio de sorteio. Enquadrada na categoria comercial, ela conseguiu economia de 34,2%. “Com a água da chuva faço toda a limpeza do consultório, utilizo para as descargas e regar plantas. Em casa também fico atenta: ninguém fica no banho por mais de dez minutos. A preocupação não deve ser só na época de seca, é uma questão de se preocupar com o meio ambiente”, ressalta ela. “É preciso manter a conscientização para que não falte água para os nossos filhos e netos, pois não sabemos como será daqui para frente.”

Na casa da moradora de São Bernardo Maria de Fátima Nato dos Santos, 46, cisterna com duas bombonas de 200 litros cada capta a água da chuva e também auxilia a família a economizar. O gasto para fazê-la foi de aproximadamente R$ 320.

‘Engenhoca’ à parte, outros hábitos que foram intensificados durante a crise hídrica permaneceram. “A água da lavagem de roupa usamos para limpar o quintal”, relata.

Em Diadema, a assessora corporativa Elaine Cristina Aquino, 41, mudou o comportamento na época da crise e agora incluiu as receitas de economia à rotina do lar. “Os banhos, que eram de, em média, 15 a 20 minutos mudaram para, no máximo, sete minutos. Juntamos a água que dispensamos da ducha para reutilizar na descarga, usamos mais limpeza seca com produtos e lavo roupa somente uma vez por semana”, lista. “Quando passamos pela crise, deu para ter ideia do que poderia acontecer se ficássemos sem água. Muitos, infelizmente, vão relaxar, pois acreditam na chuva que tem caído. Mas se tivermos dois anos com pouca chuva novamente, o problema pode voltar”, alerta.

O professor de Engenharia Hídrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie Antonio Eduardo Giansante ressalta que é preciso insistir na necessidade de a população continuar colaborando. “A água é aparentemente abundante, mas temos as questões climáticas e é preciso tomar medidas de segurança, entre as quais cuidar mais dos mananciais e a população ter mais consciência.”

Patrulha DAE, em S.Caetano, recebe menos queixas de desperdício

Em vigor desde novembro de 2014 em São Caetano, a Patrulha DAE (Departamento de Água e Esgoto) tem recebido bem menos queixas de desperdício de água. Em janeiro e fevereiro de 2015 foram 533 notificações, entre denúncias e constatações da equipe fiscalizadora. No mesmo período deste ano foram apenas 76.

Para o superintendente do DAE, Osmar Silva Filho, o baixo número não significa que a população deixou de denunciar pelo fato de a situação estar mais confortável, mas sim que se ajustou aos hábitos conscientes. “As pessoas estão mantendo a economia e a Patrulha, que foi criada na linha educacional, continua focando na conscientização, é um trabalho que veio para ficar.”

A Patrulha DAE pode ser acionada pelo número 2181-1888, ou pelo e-mail denuncia@daescs.sp.gov.br.

Desde o dia 10 de fevereiro, a cidade voltou a ser abastecida pelo Sistema Cantareira. Até então, vinha recebendo água do Sistema Alto Tietê, interligado ao Rio Grande (braço produtor de água da Billings). Ontem, o Cantareira operava com 61,9 % da capacidade.




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