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Moradores reclamam falta de respaldo

Após desabamento no Inamar, residentes da Rua Apóstolo João pedem assistência e temiam que construção prosseguisse

Por Angelo Verotti
Rafael Mendonça
Vinícius Ramalho
09/11/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Mesmo após a tentativa do presidente do Água Santa, Paulo Sirqueira, e do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), de mobilizarem os munícipes, nem todos estão com o Netuno na luta para reerguer o clube após o desabamento da arquibancada social e dos setores de imprensa e camarotes do Estádio do Inamar, no sábado.
Residentes da Rua Apóstolo João – localizada ao lado da parte afetada – reclamaram das obras e criticaram a falta de assistência tanto ao longo do ano quanto após a queda.

“Nossa revolta é pelo desrespeito com os moradores destas casas. Pedimos para que fizessem apenas uma tribuna deste lado e aí estavam fazendo este ‘prédio’ que desabou. Já tive de reformar a casa umas quatro vezes ao longo do ano por conta das infiltrações. Falávamos com eles (responsáveis pela obra), mas não recebíamos respaldo”, contou o preparador de máquinas Alessandro Alves Rodrigues, 42 anos, que há 14 mora no local.

Telhas quebradas, queda de pedras e pedaços de madeira são constantes. E algumas das consequências para as quase 30 casas que ficam deste lado da rua também foram apontadas pela professora e artesã Bruna Carla Santiago, 29, que reside com o marido, Denílson Santiago Lima, e os pais. “Desde as chuvas de janeiro, começaram a ter infiltrações em minha casa. No dia 28 de fevereiro, tivemos um compromisso e estávamos fora. Quando voltamos, depois de uma forte chuva, meu quarto estava alagado”, relatou ela, que pretende se mudar.

Entretanto, durante a coletiva do sábado, o mandatário do Água Santa se defendeu destas críticas. “Temos constatado que a água já entrava na casa dos moradores, e após as obras é que deixou de ter infiltrações em suas residências. Ali era um barranco, onde não tinha uma impermeabilização, então já existia a água que infiltrava na casa deles. Após nossas obras é que parou de acontecer isso.”

Ao contrário do que afirmou Sirqueira, a docente disse ainda que esta era, sim, uma tragédia anunciada. “Além das infiltrações, ‘entraram’ por cima de nossas casas. Foram construindo degraus e invadindo nosso pedaço. Então, tínhamos este receio de cair. Também achamos que essas colunas que fizeram não são grossas. Acredito que se tivessem liberado (o estádio), em dia de jogo a tragédia poderia ter sido muito maior.”


Mirassol confia em vaga para disputar o Paulistão


A FPF (Federação Paulista de Futebol) prometeu validar até quarta-feira os laudos entregues pelo Água Santa, que garantem capacidade para 10 mil pessoas no Estádio do Inamar, apesar da queda de uma das arquibancadas no sábado, e confirmar a participação dos diademenses no Paulistão-2016. Mas o Mirassol, maior beneficiado em caso de negativa da entidade, acredita no cumprimento do regulamento geral da competição e na presença na elite. Foi o que destacou o presidente Edson Antonio Ermenegildo em entrevista ao Diário.

O dirigente lamentou o acidente que feriu (sem gravidade) três pessoas no estádio do município do Grande ABC, mas fez valer a opinião de que o Netuno feriu as normas determinadas pela FPF ainda no início da temporada 2015. “Gostaria de falar que fiquei bastante chateado com o ocorrido no campo do Água Santa, principalmente pelo fato de pessoas terem saído feridas. Ainda bem que não houve nada mais grave”, disse Ermenegildo. “Mas não tem como ignorar que o Água Santa tinha prazo até o dia 5 (de novembro) para entregar os laudos em relação ao estádio. Soube que apresentaram uns feitos por dois engenheiros não credenciados na área esportiva. Desde o começo do ano, os clubes da Série A-2 sabiam da exigência de arquibancadas para, no mínimo, 10 mil pessoas em caso de acesso. Inclusive o Água Santa. Então, não há do que reclamar.”

Para o mandatário, o Mirassol é um “mero espectador''” na história, mas poderá apelar aos tribunais esportivos caso não tenha a vaga confirmada no Estadual. “Iremos recorrer ao TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da Federação Paulista e até ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) na CBF, no Rio de Janeiro. Mas jamais na esfera comum”, afirmou ele, que anunciou 1º de dezembro como data para o início da montagem da equipe do Mirassol para o Estadual – seja visando a Série A-1 ou a A-2.


Márcio Ribeiro afirma que tragédia não muda planejamento


O imbróglio que envolve a definição da disputa do Água Santa na Série A-1 do Campeonato Paulista ganhou mais um capítulo dramático com a queda da arquibancada do Estádio do Inamar anteontem. Mesmo assim, de acordo com o técnico Márcio Ribeiro, a fatalidade não muda em nada o planejamento do Netuno e revelou que faltam apenas seis nomes para fechar o grupo de atletas diademense.

“O primeiro passo já foi tomado e conversamos com os 19 atletas contratados para tranquilizá-los. Estamos com algumas conversas e devemos chegar a 22 jogadores contratados em breve. A estratégia de trabalho e reapresentação do grupo dia 24 de novembro e jogadores que estão jogando o Brasileiro para dia 10 de dezembro está mantida”, afirmou o técnico.

De acordo com o comandante, um fato a se comemorar é o de a obra não ter desabado sobre as residências ao redor do estádio. “Ainda bem que a arquibancada caiu no sentido do campo e não na direção das casas que ficam atrás do setor destruído. Agradecemos a Deus por essa fatalidade não ter tirado a vida de ninguém. Isso é maior que qualquer um dos nossos acessos”, destacou. 




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