Três meses depois de sua criação, está próximo do fim o G-9, grupo de vereadores independentes da gestão Luiz Marinho (PT) na Câmara de São Bernardo. A ala, até então unida, tentou, sem sucesso, buscar reaproximação ontem após turbulência instaurada pelo prefeito com nomeação de Hitoshi Hyodo (PTB) como secretário de Desenvolvimento Econômico – a posse ocorrerá hoje, às 11h. Ele substituirá Jefferson José da Conceição.

Diretor-titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Hitoshi é aliado de Mauro Miaguti (DEM), um dos principais articuladores do G-9. Seu ingresso foi visto como traição de Miaguti, uma vez que ele teria desrespeitado acordo interno dos vereadores, que previa rejeição a investidas do governo, seja por nomeação direta ou indicação de apadrinhado. Miaguti nega participação na admissão.

Ontem à tarde, o bloco tentou se reunir. Mas o encontro foi esvaziado. Apenas cinco dos nove parlamentares estiveram. Além de Miaguti, compareceram Rafael Demarchi (PSD), Roberto Palhinha (PTdoB), Gilberto França (PMDB) e Reginaldo Burguês (DEM). O mais exaltado com toda a situação é Ramon Ramos (PDT), que, em represália, não compareceu à reunião dos vereadores.

Ramon não teria acreditado nos argumentos de Miaguti, reforçando a tese de traição. Sua postura dividiu opiniões no bloco, que tentava se manter unido pelo menos até a eleição para ter maior viabilidade eleitoral em 2016.

Presente na reunião, Rafael Demarchi admitiu desgaste do grupo, revelando possibilidade de alguns integrantes deixarem a ala. O parlamentar, porém, acredita que a irritação com a nomeação de Hitoshi é balão de ensaio de vereadores que estariam a serviço de Marinho para desconstrução do grupo. “O encontro foi bom e vejo que o G-9 pode continuar. Talvez sobre a denominação G-7 ou G-6. O Mauro deu suas justificativas e as achei plausível. Eu não vou sair (do bloco) e o ideal é que a união permaneça por questão de sobrevivência. No entanto, quem quiser sair para se alinhar ao PT, fique à vontade”, alfinetou.

Também presente ao encontro, Roberto Palhinha deu versão diferente de Rafael, garantindo que cobrou de Miaguti clareza quanto à participação na nomeação de Hitoshi. O vereador, porém, se esquivou se aceitou os argumentos do democrata, destacando apenas que o grupo deve permanecer junto. “Já houve outros problemas, e até maiores, e nada de racha foi discutido. Não vejo agora essa situação.”

Pelos bastidores, comenta-se que Ramon tenta permanecer no grupo, mas buscando a exclusão de Miaguti. O democrata utiliza a mesma tática. Os dois receberam sondagem de Marinho para ocupar cargo em primeiro escalão. O pedetista teve o nome ventilado para assumir comando da Secretaria de Serviços Urbanos, hoje chefiada por Tarcisio Secoli (PT). Já o democrata vislumbrou convite oficial do chefe do Executivo para responder pela Pasta do Desenvolvimento Econômico, mas recusou, alegando que haveria pouco tempo para exercer cargo.

Procurados, Ramon e Miaguti não foram localizados pelo Diário.