Liguei para o celular de Américo Faria, que está chefiando a delegação do futebol masculino olímpico. O experimentado dirigente estava abismado com a forma como a seleção foi recebida em Cingapura e no Vietnã. Os jogadores foram tratados como deuses.

A magia do futebol brasileiro é reconhecida há muitos anos. O Santos de Pelé já parou uma guerra civil na África, porque de forma contrária não iria jogar contra a seleção local. Milhares de atletas brasileiros estão espalhados por mais de 100 países. E a camisa amarela é considerada o manto sagrado do futebol.

Tudo isso nos enche de orgulho, mas nossos cartolas não podem chutar o balde de um gostoso leite de uma vaca que rende milhões e milhões de dólares, euros e outras moedas.

Já houve um avanço, é verdade, com um calendário mais disciplinado e os dois principais campeonatos disputados em turno e returno e por pontos corridos. Mas isso não é tudo! A ganância e amadorismo dos cartolas podem colocar tudo a perder.

As leis esportivas precisam ser mais rigorosas e cumpridas na íntegra. Os gramados em vários estádios parecem pastos de fazendas. A venda de ingressos lembra a época medieval. Não há disciplina e organização. E ainda há muitas suspeitas de corrupção.

Há muito tempo estamos dizendo que a arbitragem precisa ser profissionalizada e o marketing é usado com competência por pouquíssimos clubes. Dirigentes são cercados de suspeitas com contas secretas fora do País e um patrimônio que só pode ter sido construído com a pá da corrupção.

A Lei Pelé, antes considerada um avanço, precisa ser revista pelo Parlamento. Não há muitas garantias para o clube-formador de novos profissionais e os empresários estão cada vez mais ricos.

Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro. Ou a maravilhosa vaca leiteira.

ROBINHO

O Real Madrid entrou em rota de colisão com a CBF e tenho certeza que haverá troco. Robinho não foi cedido para a seleção olímpica com a desculpa de que estava machucado e não se recuperaria a tempo de jogar a Olimpíada.

O craque, porém, treina normalmente na pré-temporada do clube na Áustria. E isso revoltou Ricardo Teixeira.

Márcio Bernardes é âncora da rede Transamérica de Rádio e professor universitário. www.marciobernardes.com.br