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Raio x da biblioteca pública no Grande ABC
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
10/04/2005 | 16:04
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O Diário inicia neste domingo uma série de reportagens dominicais sobre as condições, acervo e funções das bibliotecas públicas nas sete cidades do Grande ABC. Em Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra os acervos estão desatualizados. Em geral, as bibliotecas contam com exemplares de autores importantes da literatura e de obras fundamentais. Faltam os atuais, o que pode desmotivar o freqüentador. As bibliotecas visitadas não têm salas de leitura aconchegantes. Oferecem, sim, as chamadas salas de pesquisa, ocupadas normalmente por jovens estudantes que fazem ali seus trabalhos escolares. Monteiro Lobato disse que “um país se faz com homens e livros”. Bibliotecas ajudariam no desenvolvimento, ou pelo menos, na diminuição de um incômodo índice de subdesenvolvimento: o alto índice de analfabetismo funcional. Os analfabetos funcionais – sabem ler mas não compreendem a informação – são 38% da população do país, e até países desenvolvidos têm seus índices. Na Alemanha, 14%, nos Estados Unidos 21%, na Inglaterra 22%. Esses números constam no programa federal Fome de Livro.

Parte do problema, o preço proibitivo do livro – em média R$ 35 – em terras de salário mínimo a R$ 260, começou a ser solucionado com a lei que isenta livros de impostos, sancionada ano passado pelo presidente da República, o que baratearia seu preço. Mas o acesso ao livro, gratuito ou não, ainda é difícil no país. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo setor livreiro encabeçado pela CBL (Câmara Brasileira do Livro), aponta que para 32 mil bancas de jornais instaladas no país existem pouco mais de 1,5 mil livrarias, menos do que as 2 mil editoras existentes. São dados coletados entre 2000 e 2001, que apontaram também que a média de leitura de livros por habitante/ano no país é de 1,8, enquanto na França são 7, nos Estados Unidos 5,1 e na Inglaterra, 4,9.

A solução “inadiável” apontada pelo governo federal no programa Fome de Livro, conduzido pela Fundação Biblioteca Nacional e Ministério da Cultura é “abrir novas bibliotecas, reaparelhar as existentes e estabelecer formas permanentes de apoio e, especialmente, atender às cidades que ainda não têm sua biblioteca”.

Enquanto o programa não vem, as bibliotecas públicas – formadas pelo município, Estado ou país, ou por outra forma de organização coletiva – se viram. Segundo a Unesco, elas oferecem acesso ao conhecimento geral, informação, obras de ficção e cultura local com recursos e serviços disponibilizados a todos os membros da comunidade por igual.

Ribeirão Pires tem 114.508 habitantes e uma biblioteca com 41 mil títulos; Rio Grande da Serra, 40.780 habitantes, uma biblioteca com 5 mil livros. Mauá tem 398.482 habitantes e quatro bibliotecas, mas não forneceu o acervo. Para chegar perto do ideal, a Unesco recomenda índices de formação de acervos: cidades com menos de 25 mil habitantes, 250 livros por mil habitantes; entre 25 e 50 mil habitantes, 225 obras/mil hab.; com mais de 50 mil habitantes, 200 exemplares/mil hab., até atingir dois livros por pessoa. Esses índices apontam as aquisições mínimas ideais por ano. Em localidades menores, ou localizações com limitações físicas, esses índices devem seguir o tamanho dos acervos e não o número de habitantes.




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