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Declarações do papa não acalmam o mundo muçulmano
Por Da AFP
18/09/2006 | 19:44
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Os comentários do papa sobre o Islã e a Jihad (Guerra Santa) continuaram provocando nesta segunda-feira cólera e indignação no mundo muçulmano, apesar dos lamentos públicos de Bento XVI. Cerca de 500 manifestantes queimaram um boneco representando o Sumo Pontífice em Basra, no sul do Iraque, e incendiaram as bandeiras dos Estados Unidos e da Alemanha.

O braço armado iraquiano da Al Qaeda, que controla uma aliança de grupos armados jihadistas, jurou que "continuará com a Jihad (Guerra Santa) até a derrota do Ocidente". Outro grupo vinculado à Al Qaeda, o Ansar al-Suna, também ameaçou os ocidentais pela internet, em particular a Itália. "Para vocês temos a espada como resposta à sua arrogância", escreveu o grupo, que reivindicou numerosos ataques e execuções no Iraque.

Na Indonésia, mais centenas de membros de um grupo islamita radical, a Frente de Defensores do Islã, pediu a "crucificação do Papa" durante uma manifestação, afirmando que "o profeta é sublime, o Papa é pequeno e vil".

Desde sexta-feira, foram cometidos vários atos de violência anticatólicos, principalmente contra igrejas. Uma religiosa italiana foi assassinada na Somália, mas não se pode estabelecer uma relação entre este fato e a polêmica atual.

Bento XVI manifestou no domingo seu pesar ao mundo muçulmano, declarando-se sumamente angustiado pela onda de indignação causada por uma de suas declarações sobre o Islã, extraída de uma controvérsia teológica medieval, que não expressa de nenhuma maneira seu pensamento pessoal.

Mas Bento XVI não apresentou desculpas formais e, para aplacar a crise, o Vaticano decidiu recorrer à ofensiva diplomática, pedindo para que dois núncios (embaixadores do Vaticano) nos países muçulmanos "divulguem o texto do Santo Padre para valorizar os elementos ignorados até agora", segundo o número dois do Vaticano, Tarcisio Bertone.

As recentes declarações de pesar do papa são julgadas como insuficientes pelo mundo muçulmano.

Deputados egípcios exigiram nesta segunda-feira o congelamento das relações diplomáticas com o Vaticano, pedindo desculpas diretas e claras. Para o jornal saudita Al-Yum, as palavras do Sumo Pontífice "não são um simples erro" e estão "totalmente de acordo com as idéias da extrema-direita americana sobre o choque de civilizações".

Em Pequim, o responsável oficial pelos 18 milhões de muçulmanos chineses, Chen Guanyuan, estimou que Bento XVI havia insultado tanto o Islã quanto o profeta Maomé e pediu para que ele retirasse suas palavras.

A Malásia, um dos países com maior número de muçulmanos no mundo, julgou que as manifestações de pesar do Papa não estão destinadas a acalmar a cólera.

Em Bruxelas, a Comissão Européia expressou a esperança de que as reações sejam proporcionais, fundadas no que foi realmente dito e não em citações deliberadamente retiradas de seu contexto.



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