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Especialistas descartam imunidade de rebanho

Incerteza sobre vacinas e duração de anticorpos no organismo devem postergar proteção coletiva contra Covid

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
21/01/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Mesmo com a boa notícia do início da vacinação contra a Covid-19, que ocorreu na terça-feira no Grande ABC, os cuidados preventivos devem ser mantidos. Isso porque, conforme especialistas, não há previsão de que a população adquirira a imunidade de rebanho – ou coletiva – (quando o número de pessoas imunes a uma infecção chega a nível que freie sua disseminação), uma vez que ainda há incertezas sobre o período que os anticorpos permanecem no organismo, assim como não se sabe como a distribuição da vacina irá ocorrer nos próximos meses.

Fábio Leal, docente do curso de medicina e investigador principal do estudo de vacinas no Centro de Pesquisa Clínica da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), afirma que a imunidade coletiva não é um objetivo atingível neste momento. “A ideia não é que o vírus não circule mais, mas que consigamos controlar os impactos da pandemia e a pressão que estamos sofrendo no aspecto sanitário, principalmente, e para evitar mortes e casos graves”, explica.

Segundo o especialista, entre a comunidade científica não há perspectiva de que o novo coronavírus deixa de circular a curto e médio prazos. Ele adiciona que o primeiro passo é entender como o vírus irá se comportar conforme a população é vacinada e, a partir de então, será possível almejar a imunidade coletiva.

“A imunidade de rebanho é mais bem descrita em doenças como o sarampo e a poliomielite, implicando em uma imunidade mais duradoura, seja pela doença ou pela vacina”, acrescenta Olavo Munhoz, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). Ele estima que, futuramente, pelo menos 70% da população precise estar vacinada para que haja o relaxamento de medidas preventivas.

Na avaliação de Leal, não é possível projetar quando a vida voltará ao normal, podendo, por exemplo, suspender o uso de máscaras. “Depende da velocidade de entrega de doses e da vacinação da população. (Ainda) Não temos as doses à disposição para dar uma previsão exata”, assinala.

Atualmente, 4,8 milhões de doses da Coronac, produzidas pelo Instituto Butantan, aguardam aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para começarem a ser distribuídas. Além disso, o governo do Estado de São Paulo depende de liberação do governo chinês para importar mais doses e os insumos necessários para a produção de mais doses em solo brasileiro. A agência reguladora autorizou no domingo o uso emergencial apenas das doses que vieram prontas do laboratório Sinovac, na China.

Já a vacina desenvolvida pelo laboratório Astrazeneca e pela Universidade de Oxford, cujo uso emergencial também foi autorizado no fim de semana, seria importado da Índia pelo governo federal. Entretanto, documentos divulgados nesta semana pelo governo indiano não preveem o envio de doses ao Brasil. O imbróglio para importação dos imunizantes já dura mais de uma semana.




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