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'Família' entrosada
Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
04/09/2008 | 07:05
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Muitos meses dedicados às filmagens, os mesmos cabelos cacheados e um trabalho árduo junto à preparadora de elenco Fátima Toledo faz do quinteto principal de Linha de Passe, co-dirigido por Walter Salles e Daniela Thomaz, uma família crível mesmo quando fora das telas. É lugar-comum frisar que a camaradagem no set se assemelha à relação entre parentes, mas na última terça-feira, durante a pré-estréia para convidados no Unibanco Arteplex, em São Paulo (o longa chega oficialmente às salas amanhã), os atores não se preocupavam em refutar a evidente proximidade.

"Trabalhamos muito tempo juntos e nos apegamos demais uns aos outros. O prêmio que recebi, é, na verdade, um prêmio para o elenco", diz Sandra Corveloni, escolhida a melhor atriz do Festival de Cannes deste ano pelo papel da empregada doméstica Cleuza. O elenco a que a atriz estreante na sétima arte se refere é a sua família multirracial da ficção, composta pelos ‘filhos' Vinícius de Oliveira, João Baldasserini, José Geraldo Rodrigues e o caçula Kaíque de Jesus Santos.

Cada ator teve de se valer de laboratórios para conduzir seus papéis, bem fáceis de reconhecer na periferia do País (o filme é ambientado no bairro Cidade Líder, na Zona Leste paulistana, na qual o elenco chegou a ocupar uma casa semanas antes do início das filmagens)

Baldasserini é o motoboy Dênis, Rodrigues é o frentista Dinho, que tenta se absolver de um passado obscuro refugiando-se na religião. Oliveira, único com experiência no cinema (estreou sob a tutela de Salles em Central do Brasil), é o aspirante a jogador de futebol Dário. Até Reginaldo, o menor dos filhos da batalhadora Cleuza, obrigou Kaíque de Jesus Santos a aprender a dirigir.

Com uma sólida carreira teatral, Sandra não se mostra deslumbrada com o reconhecimento do júri em Cannes, que este ano foi presidido pelo norte-americano Sean Penn. "Me sinto muito honrada. Mas sou atriz há muito tempo e acho que estou preparada para não sair do meu caminho", afirma.

Embora pé-no-chão, a declaração vem sem nenhuma intenção blasé. Ao contrário. Sandra é toda sorrisos ao contar como soube do prêmio.
Recuperando-se de um aborto espontâneo, não pôde viajar com a equipe do filme, que também estava na mostra competitiva. "Voltei de um almoço na casa dos meus pais quando a assessora me ligou para dizer que eu tinha ganhado. Comecei a pular e a gritar. E meu marido dizia: ‘Você não pode pular desse jeito'. Era um momento tão triste que se transformou", lembra, rindo. Outro ponto positivo é a visibilidade para o teatro, no qual batalha há anos pelo Grupo Tapa. "As pessoas ficam mais curiosas. E isso será ótimo", projeta.




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