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Palestinos temem perder direitos de residência em Israel
Por Do Diário do Grande ABC
01/09/2000 | 10:24
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Os palestinos de Jerusalém Oriental, submetidos ao dilema de escolher entre seu orgulho nacional e as necessidades cotidianas, temem perder o direito de residência em Israel se obtiverem enfim seu próprio Estado.

O mujtar (prefeito) designado de um bairro periférico de Jerusalém Leste, ocupado e anexado por Israel em 1967, chegou inclusive a pedir à comunidade internacional que garantisse aos habitantes árabes do setor oriental da cidade o direito de escolher livremente entre as nacionalidades palestina e israelense, quando for criado o Estado palestino.

``Queremos um referendo popular para que as pessoas possam escolher', declarou Zuhair Hamdan, o mujtar de Sur Bahr.

Muitos dos 200 mil residentes árabes de Jerusalém oriental temem uma queda em seus salários, se houver a troca para cidadaos do Estado palestino, cujo caráter democrático colocam em dúvida, mesmo sendo vítimas de flagrante discriminaçao no lado israelense.

``Nao haverá nem trabalho nem dinheiro no Estado palestino', afirma um adolescente, Georges Aqra, 16 anos, entrevistado na Cidade Antiga de Jerusalém.

Já Hussam Namari, estudante de 17 anos, que trabalha como guia informal de turistas, estima que um poder palestino ``mesmo ruim nao poderá ser pior que a ocupaçao israelense.'

O prefeito israelense de Jerusalém, Ehud Olmert, declarou na quarta-feira que a maioria dos moradores árabes do setor oriental anexado desejam a nacionalidade israelense, apesar das advertências dos dirigentes palestinos no sentido de que serao considerados traidores.

Segundo dados oficiais, 183 habitantes árabes de Jerusalém oriental apresentaram seus pedidos de naturalizaçao no primeiro semestre de 2000, contra 99 durante o mesmo período no ano anterior. Em 1999, as autoridades israelenses só aprovaram 13 pedidos. Segundo o ministério do Interior, só três. 300 palestinos de Jerusalém adquiriram a nacionalidade israelense.

O movimento Fatah do presidente Yasser Arafat distribuiu panfletos advertindo que os palestinos que têm a nacionalidade israelense deveriam renunciar a ela até setembro.

Em 17 de agosto, o representante palestino a cargo do caso de Jerusalém, Fayçal Husseini, chamou de ``traidores' os habitantes palestinos candidatos a obter a nacionalidade israelense.

O status de residente de Jerusalém permite a cerca de 200 mil palestinos do setor oriental se beneficiar dos serviços sociais e médicos, assim como do direito às heranças familiares.

Também podem circular livremente em território israelense e nos setores autônomos de Cisjordânia e Gaza. Seus salários sao em média maiores que os dos palestinos da Cisjordânia.

No entanto, os habitantes judeus dispoem de serviços públicos muito superiores, particularmente em relaçao às autorizaçoes para construçao, que sao distribuídas com sumária parcimônia aos palestinos, enquanto que onze bairros onde vivem mais de 200 mil judeus foram construídos desde 1967 em Jerusalém Oriental.

O status de Jerusalém Oriental é o principal obstáculo para um acordo de paz permanente entre israelenses e palestinos.




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