Política Titulo Mauá
Julgadores de Atila possuem elo antigo com prefeito preso

Integrantes das comissões do impeachment, em Mauá, receberam doações eleitorais do socialista e já foram até assessores

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
21/01/2019 | 07:00
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Marina Brandão/Arquivo DGABC


Responsáveis por analisar os pedidos de impeachment do prefeito preso de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), vereadores que integram as duas comissões guardam elos antigos com o socialista, que vão desde doações eleitorais a declarações de fidelidade ao hoje prefeito afastado e até ofertas de empregos em cargo comissionados.

Levantamento feito pelo Diário, com base em dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre as eleições de 2016, revela que pelo menos três dos cinco vereadores que vão julgar se o prefeito correrá o risco de ter o mandato cassado – o sexto integrante renunciou e ainda não foi substituído – receberam doações do próprio Atila no pleito em que foram eleitos, sendo um deles presidente de uma das comissões processantes.

Além de integrarem o arco de alianças da campanha de Atila a prefeito, as campanhas dos vereadores Tchacabum (PRP), Samuel Enfermeiro (PSB) e Sinvaldo Carteiro (DC) receberam depósitos semelhantes do socialista. Os dois primeiros foram beneficiados com R$ 1.148,85, cada. Já o último, que comanda um dos grupos do impeachment, teve ajuda de R$ 1.398,85 por parte de Atila na campanha – segunda maior contribuição.

O trio cumpre primeiro mandato no Legislativo, mas, antes disso, pelo menos dois deles foram assessores pessoais de Atila. Em 2013, quando o hoje prefeito preso foi superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), no governo do ex-prefeito Donisete Braga (ex-PT, hoje Pros), Sinvaldo Carteiro foi seu auxiliar, em cargo de confiança, na autarquia.

Dois anos depois, quando Atila chegou à Assembleia Legislativa – foi eleito deputado estadual em 2014 –, foi a vez de Tchacabum ser apadrinhado. Desde o início do mandato, o hoje vereador foi assistente parlamentar lotado no gabinete de Atila. Tchacabum só deixou o cargo em junho de 2016, para ser candidato a vereador, ao lado do então chefe. Um dos principais aliados de Atila, Tchacabum também havia assessorado o socialista na Sama.<EM>

No caso de Samuel, além de correligionário de Atila, o vereador sempre deixou clara sua fidelidade ao então prefeito. No dia 15 de maio do ano passado, quando a Câmara de Mauá rejeitava o recebimento do primeiro pedido de impeachment contra Atila, Samuel não só declarou voto contrário à aceitação da denúncia, como se levantou da cadeira e esbravejou: “Sou PSB 40, sou Atila 40 e voto ‘não’ pela população de Mauá”. Naquela ocasião, o prefeito ainda estava preso – foi detido dias antes pela PF (Polícia Federal), no âmbito da Operação Prato Feito.

Embora não estivessem oficialmente com Atila na eleição, Jotão e Cincinato se alinharam com facilidade ao governo do socialista. O segundo, inclusive, chegou a subir no palanque do hoje prefeito preso durante o segundo turno da eleição de 2016 mesmo seu partido, o PDT, integrando a coligação de Donisete, então adversário de Atila no pleito.

Hoje é a data limite para que as duas comissões iniciem os trabalhos e passem a analisar as denúncias de crime de responsabilidade, uma por quebra de decoro e a outra por vacância.




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