A Semana Brasileira da Mobilidade (entre os dias 16 e 22) e a Jornada Na Cidade Sem Meu Carro (dia 22) oferecem um momento de reflexão sobre a realidade devastadora do trânsito de nossas cidades e sugerem a busca por possibilidades de se alterar esse quadro.

O mundo já caminha para ter 1 bilhão de veículos e eles representam uma das principais fontes de emissão de gases que intensificam o efeito estufa e acentuam mudanças do clima. Desde 1961, a quantidade de dióxido de carbono (CO2) despejada pela humanidade na atmosfera com a queima de combustíveis fósseis cresceu dez vezes. Essa descarga poluente é que provoca o aquecimento do planeta, causando secas, tornados, inundações, acidificação dos oceanos e a extinção de espécies.

As invisíveis partículas que saem dos escapamentos dos automóveis matam. Cerca de dez pessoas morrem em São Paulo em decorrência dos poluentes do ar e mais 200 adoecem com pneumonia, asma ou sofrem infarto do miocárdio.

O trânsito intenso é representado pela queda na velocidade média dos carros nos horários de pico: em 2005, a velocidade era 28 km/h; em 2006, 25 km/h; e no ano passado, 24 km/h. E, o pior: mais de 35 mil pessoas são mortas nas ruas, avenidas e estradas do Brasil a cada ano e os feridos por causa do trânsito lotam os hospitais.

A JORNADA 
A ideia da mobilização por um dia sem carros surgiu na França, em 1997, e em poucos anos conquistou a União Européia. Em 2008 tivemos 2.102 cidades de 36 países envolvidas na mobilização.

A versão brasileira da jornada começou em 2001 e já tivemos 11 cidades envolvidas.. Em 2012 teremos pouco mais de 20 municípios brasileiros aderindo à mobilização marcada para o dia 22. O que vemos neste ano é uma discreta adesão das prefeituras de três cidades do Grande ABC ao Dia Mundial Sem Carro. A jornada será realizada em Santo André, São Caetano e São Bernardo. As demais prefeituras não terão programação especial.

Os governantes em geral não se deram conta de que todos querem e esperam mais seriedade na questão ambiental urbana, com políticas públicas que coloquem o transporte coletivo à frente do individual. Queremos ver se as autoridades e os candidatos da região serão capazes de dar o exemplo pessoal deixando de se deslocar de automóvel pelo menos no dia 22.

COMO FAZER 
O coordenador nacional do MDT e presidente do Instituto Ruaviva, arquiteto e urbanista Nazareno Stanislau Affonso, costuma recomendar que a maior parte das atividades públicas da jornada ‘Na Cidade, Sem Meu Carro' tenha um caráter lúdico, de modo que pessoas de todas as idades participem, como em uma brincadeira. "Creio que, dessa maneira, é naturalmente mais fácil e assimilar as mensagens da jornada", diz.

Outro aspecto é a busca da visibilidade. Ele tem defendido que as atividades da jornada devam necessariamente promover a interrupção do trânsito em alguma área ou via importante da cidade, para que as pessoas possam viver a cidade sem a ameaça dos carros e sem poluição. 

PARTICIPE 
No dia 22, a proposta é que os governos municipais e seus candidatos, além de toda sociedade, por meio de escolas, universidades, entidades empresariais e sindicais, partidos e movimentos sociais - e a imprensa - se dediquem a debater a questão com ensaios concretos e ideias que possam reforçar a discussão.

A ideia é pulverizar o movimento e incentivar a sociedade a adotar transportes alternativos, como a caminhada, a bicicleta ou a carona solidária. É cada um fazendo a sua parte para diminuir os impactos no planeta, deixando-o ainda mais belo

Basta de viadutos e trincheiras urbanas, chega de menosprezar as calçadas, de esquecer as praças e ignorar as ciclofaixas e ciclovias. Todos temos o dever de criar medidas que assegurem a adoção de hábitos sustentáveis para toda a sociedade. 

Muitos candidatos fazem o discurso da sustentabilidade, mas vamos acompanhar quem vai conseguir amanhã deixar o carro em casa. A população pode, inclusive, criar rotinas divertidas de transportes, aonde amigos podem ir juntos ao trabalho, crianças vão juntas passear. Assim tornamos mais fácil essa iniciativa, que há tanto tempo se tenta fazer, em vão.

Amanhã, colabore com o planeta, deixe o carro em casa!