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Áreas próximas a trevos de acesso do Rodoanel são mais valorizadas
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
25/04/2005 | 11:53
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As áreas mais procuradas por empresas interessadas em benefícios logísticos do Rodoanel são próximas aos trevos de acesso, em razão de se tratar de rodovia classe zero, fechada. O indicador, que consta de estudo do governo do Estado sobre o impacto nas cidades que margeiam o trecho Oeste, é de suma importância para as quatro cidades do Grande ABC que serão cortadas pela asa Sul da via expressa. A partir dessa constatação, cabe aos municípios encontrar fórmulas para organizar o espaço sobressalente para que seja ocupado por atividade econômica, uma vez que a busca por áreas no entorno do trecho Oeste começou antes da construção e se estendeu durante obra.

Consenso entre dirigentes políticos e empresariais, o trecho Sul é forte apelo à procura por áreas para instalação de empresas. No entanto, estar ao lado da via pode dar ao empreendedor prazer de ver, mas não de usufruir os benefícios do Rodoanel – uma via praticamente sem acessos. No trecho Oeste, os pólos de maior atração ficaram próximos aos principais acessos. No trecho Sul, a tendência deverá ser a aglomeração de empresas próximas aos trevos da Anchieta, Imigrantes e na cidade de Mauá.

O caso do trecho Oeste mostra que existe clara tendência em conglomerar empresas em áreas próximas aos trevos Anhangüera, Castello Branco, Padroeira e Raposo Tavares. O Industrial Anhanguera, instalado próximo ao trevo Anhangüera recebeu 37 empreendimentos durante o período analisado, 21,5% do total. O industrial Mazzei, localizado entre os trevos Annhangüera e Padroeira, recebeu outros 14 empreendimentos (8,1%). O condomínio Piratininga, localizado mais próximo do Rodoanel ganhou 19 instalações (11%).

Em recente encontro com os empresários na regional do Ciesp em Osasco, o prefeito da cidade, Emídio de Souza (PT) afirmou que a administração trabalha na reestruturação do Código Tributário do município e promove estudos sobre as obras viárias que beneficiarão o escoamento da produção das indústrias já existentes como também das que estão chegando ao município.

O município de Carapicuíba, beneficiado pelos trevos da Castello e de Padroeira ainda precisa promover alterações na legislação do uso do solo para conseguir dar vazão à atração de empresas promovida pela proximidade com os acessos logísticos. Conforme o estudo da secretaria dos transportes, tradicionalmente o município não apresenta grandes empreendimentos nas áreas industriais de logística.

As áreas industriais do município apresentam empreendimentos de pequeno e médio portes, com construções de até cinco mil metros quadrados. A Prefeitura de Carapicuíba trabalha na alteração da Lei de Uso e Ocupação do Solo e visa tornar as glebas remanescentes com acesso ao Rodoanel compatíveis com o uso industrial. Em Carapicuíba, as maiores aglomerações de empresas beneficiárias do Rodoanel estão próximas ao Parque Jandaia, Parque Industrial e Jardim Leonor.

O Parque Industrial tem cerca de 30 empreendimentos instalados, dedicados às indústrias têxtil, de montagem e manutenção de máquinas e equipamentos e plásticos. Outros 10 empreendimentos estão em instalação. Inaugurado em dezembro de 2002, o Helipark tem total de 116 mil metros quadrados, área construída de 45 mil metros quadrados e vocação orientada para abrigar oficinas de manutenção e cursos de mecânica de motores. A Vila Sulamericana – bairro mais antigo que teve aumento da procura devido ao Rodoanel – possui cerca de 30 empreendimentos de grande porte instalados, também dedicados à indústria gráfica e transportadoras.

Cortado pelo trecho Oeste do Rodoanel, Osasco recebeu 172 empresas de médio e grande portes entre 1995 e 2003, de acordo com estudo obtido pelo Diário junto ao governo estadual. Mesmo sem tradição na atração de empresas, o município de Carapicuíba, na margem oposta do Rodoanel, ganhou 1.503 estabelecimentos entre 1994 e junho de 2004, dos quais 54 do setor industrial. As experiências do trecho Oeste são indicadores que devem ser considerados por São Bernardo, Santo André, Mauá e Ribeirão Pires, uma vez que podem orientar ações quando da instalação do trecho Sul da via expressa.

Parte expressiva dos estabelecimentos (41,2%) atraída pelo trecho Oeste foi instalada em 2001, ano da inauguração, e nos dois anos anteriores. Desse total, 23 chegaram em 1999, 24 em 2000 e 24 em 2001. Em 2002, o número caiu para 17, mas voltou a subir para 29 em 2003. Como alertam especialistas, a busca por espaço começa no período anterior à construção do Rodoanel. Em 1995, quando o trecho Oeste começava a sair da planilha, Osasco recebeu 11 estabelecimentos. O número subiu para 15 em 1996 e 18 em 1997. Talvez por causa de choques na economia, o número de empresas instaladas voltou a 11 em 1998, mas saltou nos anos seguintes.

Meio Ambiente – Em audiência pública da Assembléia Legislativa sobre o impacto ambiental do Rodoanel, o secretário-adjunto dos Transportes, Paulo Tromboni, reconheceu que a obra facilita a descentralização industrial do Estado de São Paulo, mas lembrou que esse fenômeno pode gerar efeitos positivos para regiões como Osasco e o Grande ABC. “É evidente que como há maior infra estrutura de transporte, as empresas industriais podem se localizar longe de São Paulo e ainda assim atender nosso mercado ou ir para Santos. Portanto facilita por um lado a saída de indústrias do Estado de São Paulo.”

Tromboni lembra que essa movimentação gera aspectos positivos do ponto de vista ambiental: “As indústrias nunca tiveram sob controle da legislação ambiental. Para onde forem terão de se submeter. Quem chegar, também terá de obedecer a novas regras. Certamente o Rodoanel vai contribuir para tirar a logística do centro e jogar para o entorno da cidade. Isso promove algum emprego significativo, sem mudar a dinâmica da cidade, na Zona Leste, no (Grande) ABC e na Zona Oeste.” De acordo com Trombini, “onde houver acesso viário ou de empreendimentos acontece valorização do solo, que leva os proprietários ao melhor cuidado dessas áreas e também atrai eventuais interessados a planejar investimentos com maior uso de capital porque as áreas ficam mais caras.”



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