Economia Titulo Comércio exterior
Greve da Receita gera
R$ 30 milhões de perda

Estimativa é para empresas da região, que têm prejuízos com
atrasos e gastos na alfândega; prejuízo total é de R$ 100 mi

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
10/08/2012 | 06:55
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A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que já dura quase um mês, somada à paralisação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), gerou, até agora, prejuízo de R$ 100 milhões às indústrias paulistas e, desse total, R$ 30 milhões são perdas de empresas do Grande ABC, estima o diretor de comércio exterior da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo), Ricardo Martins.

O dirigente cita que esses valores se referem a despesas adicionais com armazenagem, a atrasos na entrega de mercadorias e a interrupções em linhas de produção por causa da falta de peças e insumos parados nos portos ou aeroportos. Ele acrescenta que, além dessas perdas, calcula-se que haja US$ 500 milhões em produtos no Estado de São Paulo que estão no aguardo de liberação da alfândega. "Para cada 15 dias que um contêiner fica parado em armazém no porto, paga-se R$ 2.000", exemplifica Martins.

E a tendência é de agravamento dos problemas. "Com a Anvisa a coisa piorou, mas agora com o Mapa (o Ministério da Agricultura e Pecuária, que entrou em greve na segunda-feira), radicalizou", disse o diretor. Isso porque, na chegada de material que tenha embalagem ou estrado de madeira, é preciso da anuência de técnicos do ministério, que certificam que não há contaminação (por exemplo, por fungo).

Wagner Rodrigues, sócio da IGW Despachos Aduaneiros, concorda. Ele cita que, hoje em dia, no Porto de Santos, declarações de importação em canal amarelo (quando se confere apenas a documentação pela Receita), o que levava cinco dias, leva de 12 a 13 dias. "Agora, com a Agricultura, a tendência é o caos", avalia.

LINHA DE MONTAGEM - Montadoras de veículos ouvidas pelo Diário relataram que, por enquanto, têm conseguido contornar as dificuldades e não têm sido afetadas por falta de peças na linha de montagem. Entretanto, a perspectiva é de que, em breve, isso comece a ocorrer, alerta o dirigente.

O empresário José Rufino, que tem fábrica em São Bernardo e é diretor do departamento de comércio exterior da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) no município, também avalia que o cenário é preocupante. "Começa a faltar peça de reposição", cita.

Ele acrescenta que as greves (e também operação padrão, quando os funcionários passam a vistoriar tudo que passa na alfândega) desses órgãos públicos estão afetando não apenas quem faz importação, mas também os exportadores. Sua empresa, que fabrica equipamentos de perfuração, tem produto encomendado a cliente no Chile que está parado na alfândega há vários dias. Em relação às perdas, ele diz que é difícil fazer estimativas. "É quase impossível calcular a perda quando a gente deixa de atender um cliente lá fora", observa.

A Fiesp não pretende entrar com mandado de segurança para que haja normalização da entrada de itens das indústrias. Isso porque, segundo Martins, nos Estados em que isso foi feito, os fiscais não estão respeitando os mandados.

GREVE - O Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Fiscal) informou que os auditores fiscais vão fazer assembleia dia 15 e preparam série de paralisações de 48 horas, dias 22, 23, 28 e 29.

A categoria pede 30% de reajuste salarial, além de recomposição do quadro (contratações), atualmente formado por 11,5 mil auditores no País todo, dos quais 2.400 nas aduanas, nos portos, aeroportos e fronteiras.

 

 




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