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Crianças, seminaristas e mulheres vivem a fé
Por Do Diário do Grande ABC
05/05/2007 | 17:57
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Os tempos mudaram. O catecismo já não é passado de pai para filho. A tarefa cabe, agora, a professores terceirizados que recebem a missão de ensinar a uma criança o que é certo ou errado, independentemente da crença escolhida. O Pai-Nosso, principal oração do catolicismo, não está mais na ponta da língua. Às vezes, até o sinal-da-cruz sai torto.

As escolas de freiras ou padres tiveram de se adaptar à nova realidade do País. Ao invés de passar apenas as leis da Igreja, muitas já aderiram ao ensino inter-religioso. Em São Bernardo, o tradicional Colégio São José se democratizou. Nas aulas de religião, a fé é debatida sob diversos pontos de vista, sem preconceitos.

A educação da pequena Bianca Azzi, 6 anos, reflete a atual pluralidade de crenças que convivem harmoniosamente dentro do mesmo teto. “Minha mãe me leva à missa e, às vezes, ela vai ao centro para receber o passe”, diz, sem entender muito bem as diferenças entre costumes católicos e espíritas.

PADRES

Mas, apesar da mudança de comportamento, há jovens que ainda se declaram apaixonados e entregues à causa de Cristo. O Grande ABC forma, por ano, cerca de quatro padres. O número é considerado baixo, em função da demanda de fiéis – no País há apenas 18. 685 sacerdotes para mais de 115 milhões de católicos, o que também preocupa o Vaticano –, mas satisfaz as necessidades da região.

No seminário da Diocese de Santo André, 13 jovens participam de uma formação que dura, em média, nove anos. Um período para confirmar a vocação. O reitor, padre Ademir Santos de Oliveira, garante que o processo visa sanar todas as dúvidas que, porventura, o candidato a padre possa sentir. “Como em qualquer outra profissão, temos de ter certeza e nos preparar para o trabalho escolhido”, afirma.

As grandes dificuldades da jornada, segundo o reitor, não estão no celibato – como a maioria dos leigos pensa –, mas na decisão de abdicar de antigos hábitos para seguir uma nova vida, de liderança espiritual. O seminarista Jerry Adriano Villanova, 23 anos, já se decidiu. “Vivi tudo o que precisava antes de resolver seguir o chamado de Deus. Namorei, viajei com amigos, fui a festas. Sei o que quero, com um olho na Bíblia e outro na vida”, comenta.

Para o colega de seminário, Fábio Luiz Kennez dos Santos, 27, a vocação não é mágica, acontece ao longo da vida. “Quando era mais jovem, tinha uma inquietação muito forte. Sentia felicidade, alegria por estar na Igreja. Mesmo assim, relutei. Fui fazer faculdade de Engenharia, me formei e aí, sim, entrei para o seminário. Agora não tenho mais dúvidas, estou no lugar certo e espero ardentemente o momento de ser padre, consagrar a Eucaristia, ajudar as pessoas”, diz.

Com o mesmo desejo e em maior número, milhares de religiosas dedicam suas vidas em favor do Reino de Deus. No Brasil, são mais de 34 mil mulheres em atividade. No Instituto Missionárias da Imaculada Conceição, em São Bernardo, a vocação é trabalhada de acordo com as novas tendências. Os meios de comunicação são armas para atingir o público-alvo.

“Temos rádio, revista mensal, emissora de televisão e página na Internet. Todas exercemos função nesse trabalho de evangelização, comprometidas com os vários setores da sociedade”, diz a coordenadora da Casa, Geovanna Venturi, 42 anos.

A irmã Sara Caneva, 33, acredita que, muitas vezes, os jovens devem ser procurados em seu habitat. “Na Itália, costumávamos ir à baladas com os adolescentes para observar e orientar”, conta. As diferentes formas de atuação, segundo a religiosa Maria do Socorro Ferreira, 26 anos, são essenciais para obter comunhão. “Antes de ser consagrada, achava que iria usar hábito, véu. Hoje sei que as coisas mudaram, mas o sentido é o mesmo: dar a vida, como Cristo.”




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