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Em um ano, cesta básica na região fica R$ 88 mais cara

Produtos essenciais tiveram aumento no preço e foram os responsáveis pela alta de 13,70% nas compras mensais

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
26/06/2020 | 00:21
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No período de um ano, a cesta básica ficou R$ 88,07 mais cara para os consumidores do Grande ABC. Com a alta de preços de produtos essenciais para as refeições das famílias, como arroz, feijão e carne bovina, fica cada vez mais difícil encaixar o valor total de R$ 730,69 dentro de orçamentos cada vez mais apertados. Isso porque a pandemia e o isolamento físico tiveram consequências, como desemprego e redução de salários.

O valor das compras subiu 13,70% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando a cesta custava R$ 642,69. O percentual é correspondente a praticamente sete vezes a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses, que, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), está em 1,88% (leia mais abaixo).

O levantamento foi feito pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) e considera a cotação de 34 itens baseados no consumo de uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. Do total dos itens, apenas nove tiveram redução de preços no período, sendo produtos que têm impacto menor no consumo diário, como alface e tomate, por exemplo (veja mais na arte abaixo).

“Isso porque nós cotamos o básico do básico. Algumas coisas podem ser substituídas, mas é muita coisa, como, por exemplo, fruta ou legume. Os números mostram que é alto o preço do kit básico de alimentos. Na lista não entram produtos como desodorante ou até mesmo iogurte. É muito o básico de uma família, isso sem falar dos outros gastos”, disse o engenheiro agrônomo responsável pelo
levantamento, Fábio Vezzá De Benedetto.

O grande vilão da cesta neste período é um item indispensável no almoço e no jantar da maioria dos brasileiros: o feijão. Com alta de 57,78% nos últimos 12 meses, o preço do quilo está em cerca de R$ 8,90. De acordo com Benedetto, o valor foi pressionado por questões climáticas e pelo consumo. “O inverno e o período de seca são piores porque as plantações começam a depender de irrigação. Além disso, houve maior consumo das famílias em casa por causa da quarentena, o que também pode ter pressionado os preços”, contou.

Além disso, a alta do dólar foi responsável pelo aumento no preço de série de alimentos. Entre eles, carnes, óleo de soja (que teve aumento de 25,11% e atualmente está R$ 3,96) e o açúcar (incremento de 34,28%, custando R$ 2,73 o quilo). O impacto acontece pelo fato de serem commodities, ou seja, bens classificados como matérias-primas e que têm o preço determinado pela oferta e procura internacional.

“A farinha de trigo também sofre interferência neste caso, o que, consequentemente, acaba impactando o biscoito e o macarrão, por exemplo. Alguns produtos são substituíveis, mas o arroz e feijão não têm como deixar de consumir. É o que as pessoas estão sofrendo mais nessa época, porque o preço acaba pressionando e afeta principalmente as famílias mais pobres”, disse o engenheiro agrônomo.

Para economizar, a alternativa é o consumo de feijão-preto, que costuma ser mais barato do que o carioca. A ‘mistura’ também representa problema para o bolso, já que as carnes bovinas de primeira e de segunda tiveram aumento (o coxão mole com alta de 20,32%, custando R$ 28,29, e o acém, 29,12%, a R$ 22,31 o quilo), assim como o frango (5,25% a R$ 7,24) e a dúzia de ovos, que sai por R$ 7,01 (10,67%).

Itens são mais caros do que ajuda

O valor das compras de itens de alimentação neste mês corresponde a R$ 730,69, ou seja, R$ 130,69 a mais do que o auxílio emergencial do governo federal destinado a trabalhadores informais, autônomos ou sem renda fixa durante a pandemia, no valor de R$ 600. Além disso, o total representa aproximadamente 70% do valor do salário mínimo, que está em R$ 1.045.

“O auxílio visa evitar que as pessoas passem necessidades mais básicas, mas o dado mostra que isso é baixo. Alguns serviços e produtos subiram de preço e o caso dos alimentos mereceria uma análise, até por parte das autoridades, para saber se o governo não teria condições de subsidiar alguns itens da cesta básica”, disse o economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.
<EM>O aumento em relação à cesta básica do ano passado foi de 13,70%. O percentual é correspondente a praticamente sete vezes a inflação oficial acumulada em 12 meses, que, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), ficou em 1,88% .

O IPCA 15, que mede a prévia da inflação oficial do País, registrou taxa de 0,02% em junho deste ano, de acordo com informações divulgadas ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar de ser superior à observada em maio deste ano (-0,59%), é a menor taxa para um mês de junho desde 2006 (-0,15%). No acumulado do ano, a inflação é de 0,37%, enquanto em 12 meses chega a 1,92%. Dos nove grupos pesquisados, quatro apresentaram inflação, com destaque para alimentos e bebidas, que tiveram alta de preços de 0,47% na prévia.
 




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