Política Titulo Cassação
Início da instabilidade política de Mauá, caso ‘Túnel do Tempo’ completa 15 anos

Em quatro legislaturas, cidade registrou curtos períodos sem crises

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
16/11/2019 | 07:00
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


As brigas jurídica e política em torno do impeachment do prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), mostram que o fantasma da instabilidade segue assombrando o Paço mauaense. Há 15 anos, a cidade assistia ao primeiro episódio da série de crises políticas que o município vem registrando há uma década e meia.

Em 28 de outubro de 2004, a três dias do segundo turno, a Justiça Eleitoral de Mauá cassou o registro da candidatura de Márcio Chaves (na época do PT, hoje no PSD). Então vice-prefeito, ele era o candidato do petismo à Prefeitura, venceu o primeiro turno do pleito, mas teve o projeto barrado por abuso do poder econômico. O revés se deu porque o governo do então prefeito Oswaldo Dias (PT) fez propaganda irregular do petista em uma tenda montada no Centro da cidade, batizada de Túnel do Tempo.

Na época, o caso virou impasse jurídico e a cidade foi governada provisoriamente durante 11 meses pelo então presidente da Câmara, Diniz Lopes (ex-PL, hoje PSB). Até que, em dezembro de 2005, Leonel Damo (ex-PV, hoje sem partido), que ficou em segundo lugar no primeiro turno, foi declarado prefeito.

De lá para cá, a cidade conviveu com curtos períodos de estabilidade. Na eleição seguinte, de 2008, Oswaldo Dias (PT) venceu e retornou ao comando da Prefeitura. Quatro anos mais tarde, foi a vez do petista de experimentar um revés. Com receio de ver o projeto do então prefeito à reeleição ser barrado na Justiça eleitoral, petistas de Mauá deram golpe em Oswaldo e escolheram Donisete Braga (hoje no Pros), então deputado estadual, como candidato ao Paço – foi eleito no segundo turno.

Foi a partir da gestão de Donisete que se iniciou o fortalecimento político de Atila. Como retribuição ao apoio dado no segundo turno, Donisete alçou o hoje prefeito ao comando da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá). No cargo, Atila passou a asfaltar a vitoriosa campanha a deputado estadual, em 2014. Os dois se enfrentaram na briga pelo Paço em 2016 e Atila levou a melhor, no segundo turno, com 64,47% dos votos.

A derrocada de Atila, porém, não demorou muito. Em maio de 2018, com apenas um ano e quatro meses de gestão, foi preso pela primeira vez pela Polícia Federal, acusado de fraudar licitações da merenda e material escolares – ele nega. Reverteu a detenção cerca de um mês depois, mas ficou proibido de retornar ao cargo. Nesse ínterim, a cidade passou a ser governada pela vice-prefeita Alaíde Damo (MDB). Inexperiente na política, a emedebista seguiu leal ao socialista até meses depois, quando Atila voltou a ser preso, em dezembro. Em fevereiro, o socialista retomou a liberdade e o cargo, mas é cassado em abril. Em setembro, conquistou liminar anulando o impeachment, mas seguiu lutando nos tribunais da cidade para concluir o mandato. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;