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Famílias do Jardim Santo André continuam a conviver com riscos
Guilherme Russo
Do Diário do Grande ABC
09/11/2009 | 07:00
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Literalmente entre trancos e barrancos. Enfrentando deslizamentos iminentes e com muita morosidade na resolução de seus dramas mais imediatos. Desta maneira vivem as 1.937 famílias do Jardim Santo André, em Santo André, que habitam áreas consideradas de risco pela CDHU (Companhia Paulista de Desenvolvimento Urbano).

Em um convênio a ser estabelecido entre a empresa e a Prefeitura da cidade, as autoridades pretendem resolver o problema de 560 famílias que vivem entre as encostas mais íngremes e instáveis. Mas, além de muitas promessas, enquanto o período de chuvas já ensaia seus toques, nenhum prazo foi estabelecido para a retirada das famílias.

Na quinta-feira, o motorista Jaime Magela, 41 anos, "não via a hora de chegar em casa", quando foi surpreendido pela forte chuva que lavou a região. Há três anos, ele vive na favela dos Missionários, no Jardim Santo André, com a mulher e a filha de 14 anos, em cima de uma encosta com pouco mais de dez metros de altura.

"Dá medo da chuva. Toda vez que chove fico ligando (para a filha, Alessa)", disse a vendedora autônoma Alessandra Ferreira Tibério, 31.

O casal contou que, há cerca de dois meses, a parte da frente da encosta onde vivem deslizou, e a viela de barro que há entre seu barraco de madeira ficou ainda mais estreita, por conta da terra que desbarrancou. Pouco antes do depoimento, uma cachoeira de lama descia a Rua dos Missionários, que batiza a comunidade.

Vivendo na mesma perigosa viela que o casal e sua filha, a dona a dona de casa Gilmara Calixto da Silva, 31, tenta controlar suas seis crianças, para que nenhuma saia rolando barranco abaixo. "A terra é traiçoeira. A qualquer momento ela pode ceder", disse a mãe de crianças com idades entre 2 meses e 14 anos.

"Quando dá uma chuva ou um vento já fico tremendo. Deixo a porta aberta. Qualquer coisa já estou correndo" contou a lavadeira Maria Áurea da Silva, 47, que desde sua chegada da Bahia, há dois anos, vive entre as tábuas de um pequeno barraco na favela do Cruzado, também no Jardim Santo André, com seus três filhos - de 4, 5 e 14 anos - e o marido. "Já encheu de água aqui dentro de casa!", completou, enquanto a chuva da quinta-feira parava.




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