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Vacinação infantil não atinge meta na região

Especialistas alertam para risco de retorno de circulação de doenças ainda não erradicadas

Vanessa de Oliveira
28/06/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Dados do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde trazem preocupação às autoridades da área. Isso porque a vacinação de crianças menores de 1 ano teve seu menor índice de cobertura em 16 anos. Nos últimos dois anos, a meta de ter 95% da população-alvo protegida não foi alcançada no País. Na região não é diferente. A queda na procura pelo serviço gratuito alerta para os riscos de retorno de doenças ainda não erradicadas, como é o caso da poliomielite (paralisia infantil) e do sarampo. 

No ano passado, somente a vacina da BCG (contra a tuberculose) teve índice satisfatório em âmbito nacional, com 91,4% de cobertura. Na região, entretanto, apenas Santo André e São Bernardo se aproximaram da meta de 95% da população-alvo, com 89,57% e 81,74%, de crianças imunizadas, respectivamente. Em São Caetano, a vacinação atingiu 79,62%; Diadema, 76,81%; e, em Ribeirão Pires, o índice foi ainda menor: 55,31%. 

Na cidade andreense, a vacina contra a poliomielite, cuja cobertura vacinal do público infantil em 2001 era de 84,76%, em 2017 teve queda para 72,52%. Além disso, no ano passado a vacinação conjugada contra meningococo C, que previne uma das formas mais graves de meningite bacteriana, atingiu apenas 71,9% das crianças na cidade. 

São Bernardo dispõe de dados a partir de 2006 e, na comparação com o ano passado, a vacina que registrou a maior queda foi contra a poliomielite, passando de 99,3% para 84,41%. Em São Caetano, a menor adesão em 2017 foi da vacina meningocócica C, com 73,11% de cobertura.

Diadema forneceu os dados a partir de 2013. Na comparação daquele ano até 2017, as quedas mais significativas foram na imunização da tríplice viral (caxumba, sarampo, rubéola), passando de 104,31% para 83,26%; poliomielite, de 99,86% para 82,91%; e meningocócica conjugada C, de 100,84% para 83,81%. Em Ribeirão Pires, a imunização que mais teve queda nos dois últimos anos foi a de meningite – de 87,25% para 82,05%.

Para o vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, o cenário acende alerta. “Muitas das doenças que já conseguimos controlar e eliminar foram graças às elevadas coberturas vacinais, mas como no mundo nem todas foram erradicadas – existe polio na África, sarampo na Venezuela, por exemplo –, corre o risco de (as doenças) serem reintroduzidas por indivíduos que viajam, chegam aqui doentes e encontram campo fértil, podendo ter a circulação novamente dos agentes”, salienta. 

Para o especialista, a baixa adesão se dá justamente pelo fato de a nova geração de pais não ter vivenciado os problemas causados por essas enfermidades. “Eles não viram difteria, sarampo, paralisia infantil. Acabam não reconhecendo os perigos e riscos e não entendem que a situação para controlar o surto é muito mais difícil do que as ações preventivas”, frisa. 

Prefeituras destacam intensificar busca

Preocupadas com a realidade da cobertura vacinal, as prefeituras da região afirmam que têm intensificado a busca daqueles que não estão com a carteira de vacinação em dia. 

Em Santo André, a administração diz que dentre os trabalhos de sensibilização estão a parceria com as creches para o monitoramento das cadernetas de vacina das crianças e divulgação nas redes sociais sobre a importância da questão para a prevenção de doenças. 

São Bernardo informa que foi solicitado às UBSs (Unidades Básicas de Saúde) a atualização das cadernetas. 

Em São Caetano, a secretária de Saúde da cidade, Regina Maura Zetone, destaca que o reforço das campanhas tem sido feito pelas redes sociais e também pelo aplicativo Portal Saúde 24h, que contém todas as orientações sobre o tema. “A estratégia de Saúde da Família orienta, casa a casa, sobre a importância da vacinação”, acrescenta. 

O Executivo de Diadema fala que a questão tem sido discutida em todas as instâncias e que as UBSs têm intensificado as ações de busca ativa e sensibilização da comunidade.

Em Ribeirão Pires, a sensibilização é realizada especialmente nas unidades de Saúde e nas creches municipais. 

O Ministério da Saúde ressalta que é necessário “desmistificar a ideia de que a vacinação traz malefícios”. “As vacinas são seguras e passam por rígido processo de validação. É no momento de calmaria, quando não há surtos de doenças, que a população deve se vacinar”, pontua a Pasta.




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