Setecidades Titulo Estatísticas criminais
Roubo de motos é maior em Diadema

Estudo diz que cidade concentra 5% dos crimes do tipo do Estado; Sto.André e S.Bernardo também estão no ranking dos principais alvos

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
29/03/2018 | 07:00
Compartilhar notícia


Motociclistas de Diadema e de duas outras cidades do Grande ABC estão no foco dos criminosos. Em 2017, dos 15.990 delitos envolvendo roubo de moto em todo o Estado, 5% ocorreram no município diademense (846 casos), ficando atrás apenas da Capital (6.821 casos). Outros dois territórios da região constam do ranking: Santo André aparece na quarta colocação, com 614 registros (3,62%) e, São Bernardo, em sexto lugar, contabilizando 558 ocorrências (3,29%). No ano passado, os roubos de moto nos 645 municípios paulistas tiveram alta de 19% em relação a 2016 quando foram registradas 13.420 ocorrências (veja mais na arte abaixo).

Diadema é o segundo município do Estado onde mais ocorrem roubos de motocicletas, conforme boletim realizado pelo Grupo Tracker (empresa de rastreamento e localização de veículos) e a Fecape (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), com base em informações da SSP (Secretaria da Segurança Pública).

O levantamento analisa que o crescimento do mercado de motocicletas e, consequentemente a maior utilização desse meio de transporte para o trabalho e lazer contribui para a mira dos criminosos nesses veículos, além da utilização para prática de atividades ilícitas. Outro ponto que pode ser atribuído a esse cenário é a comercialização de peças no mercado paralelo dos desmanches, aponta o professor de Direito Penal e coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) David Pimentel Barbosa de Siena. “Normalmente, os criminosos roubam motocicletas para desmanchar e vender as peças. São objetos que têm economia criminal por trás, conseguem aferir lucro rápido e fácil”, diz. Nesta questão, o especialista ressalta que as cidades do Grande ABC colocadas no ranking estão inseridas nessa particularidade. “Tanto Santo André quanto Diadema são conhecidas por terem desmanches irregulares. Essa economia criminal é bem forte na nossa região e é uma coisa que a gente tem que levar em consideração”, fala.

Diante da situação, Siena avalia que a saída para combater a prática criminosa está no investimento em política de Segurança pública que faça frente aos desmanches. “É de pouco efeito prático investir em um policiamento preventivo, a Polícia Militar não vai conseguir dar conta de evitar todos os roubos e furtos. O melhor é investir na polícia investigativa, para que ela apure o destino dessas motos e consiga atacar esses desmanches criminosos.”

Procurada para comentar a questão, a Secretaria da Segurança Pública do Estado não retornou até o fechamento desta edição.


Vítimas destacam trauma causado

Perder o veículo para criminosos cria trauma nas vítimas. Em maio do ano passado, o analista de processos Daniel Alves, 37 anos, teve sua moto roubada no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo. “Era novinha, eu tinha acabado de fazer revisão e enchido o tanque dela”, lembra. Como tinha seguro, três meses após o ocorrido ele comprou outra motocicleta, no entanto, vive inseguro de que passe novamente pela mesma situação. “Ando sempre esperto, mas o risco é muito grande. Penso que tudo isso que acontece em nosso País é culpa dos governantes. Não investem em Educação, que é a base para se ter uma estrutura melhor na vida”, desabafa.

Em Diadema, a autônoma Giselia Lopes Silva, 39, recorda o pavor que passou em dezembro, ao ser abordada por criminoso em frente à sua casa, no Parque Reid. “Quando minha filha desceu para abrir o portão para eu entrar, ele (criminoso) veio com a arma e pegou a chave da moto. Pedi para ter um pouco de calma e deixar eu pegar meus documentos, mas ele começou a gritar que era para entregar logo, se não, dava um tiro na minha cara”, conta.

No dia seguinte, a motocicleta de Giselia foi encontrada, abandonada, no bairro Eldorado. “O rapaz que mora em frente onde ela (moto) estava me disse que levaram a moto do amigo do filho dele, que estava saindo da garagem, e era mais nova que a minha”, fala. De qualquer maneira, o medo ficou. “Quando passo nos lugares fico olhando e praticamente não confio em ninguém.”

No sábado, também em Diadema, no bairro Serraria, o borracheiro Franklin da Silva Pereira, 38, foi mais um a entrar para as estatísticas. “Usava a moto para ir até os clientes fazer meu serviço, agora, estou no prejuízo.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;