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Profissão: mochileiro

Casal vendeu tudo no Brasil para fazer mochilão com filho de 2 anos; viagem começou em 2016

Caroline Manchini
29/03/2018 | 07:00
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Divulgação


 O sonho de viajar e conhecer o mundo se tornou realidade para a andreense Raphaela da Luz, 24 anos, que decidiu percorrer os continentes Europeu, Africano e Asiático ao lado do marido, Aaron Anderson, 33, nascido nos Estados Unidos, e do filho Orion, 2.

Sem muitos bens materiais aqui no Brasil, eles decidiram, em maio de 2016, vender o pouco que tinham – móveis e utensílios de cozinha – para se aventurar. A família, que optou pelo estilo de vida minimalista, encontrou no mochilão uma forma mais livre e autônoma de escolher qual caminho trilhar: “Sempre tivemos muita vontade de viajar e queríamos selecionar os nossos destinos com facilidade, já que o objetivo seria morar cada mês em um país diferente”, explica Raphaela.

Com algumas peças de roupas e uma mochila, eles saíram em 2016 de Florianópolis, onde moravam, desembarcaram na Itália e foram recebidos por uma família, que ofereceu alimentação e hospedagem em troca de trabalho voluntário. Esse era o início de uma viagem incrível e que ainda não tem previsão de término.

Nesses dois anos de mochilão, Raphaela, Aaron e o bebê Orion – que comemorou 1 aninho em solo europeu –, já visitaram cerca de 20 países. Entre eles Itália, França, Espanha, Inglaterra, Escócia, Bulgária, Grécia, Israel, Jordânia, Gales, Vaticano, Marrocos, Hungria, Holanda, Noruega, Bélgica, Portugal, Alemanha, República do Chipre e agora desfrutam as belezas da Croácia. A família aventureira fica, aproximadamente, um mês em cada lugar.

Depois de conhecer tantos pontos turísticos, com paisagens deslumbrantes, a mochileira dá dicas de destinos paradisíacos, como a Jordânia, por exemplo: “É um lugar incrível. As coisas lá são muito diferentes, parece que você está em outro planeta. Vale a pena visitar o deserto de Wadi Rum, no Sul do país, e o Sítio Arqueológico, na cidade de Petra.” Em Israel ela aconselha visitar o Mar Morto, lago de água salgada, e o Mar Vermelho, localizado entre a África e a Península Arábica.

A Turquia é o país preferido de Raphaela: “Morei lá por três meses e fiquei apaixonada, é maravilhoso. Quem for não pode deixar de conhecer a Capadócia e as piscinas termais com água azul de Pumakkale. Vejo poucas pessoas falando desses destinos, que são incríveis”, conta ao Diário. Ela dá dicas preciosas para quem pretende seguir viagem só com a mochila nas costas (leia no quadro ao lado).

Ela fala ainda das delícias das culinárias marroquina e italiana: “A comida típica de Marrocos é o cuscuz, chamado por eles de tajine. É misturado com vegetais ou carne e fica delicioso. Na Itália não posso deixar de mencionar as massas, que são divinas”, relembra.

Sem residência fixa, a família pretende, em junho, sair da Europa para morar na Ásia e explorar as maravilhas do continente. Para arcar com os gastos, os mochileiros trabalham on-line. Raphaela, com seu blog de viagens (acompanhe brazilicans no Instagram e YouTube), e Aaron, como consultor de marketing digital.

‘Dá para economizar dormindo no ônibus’
Além de Raphaela, o Diário encontrou, também, a história de Anderson Câmara, 29 anos. Ele, que sempre quis conhecer outras culturas e cidades históricas, encontrou na Europa forma de realizar os dois desejos. Durante um mês, em 2015, Câmara conheceu pontos turísticos da Alemanha, República Tcheca, Holanda, Áustria e Reino Unido.

Resgatando na memória os lugares que visitou, ele se recorda dos que mais marcaram seu mochilão: “A maior montanha da Alemanha, em Garmisch-Partenkirchen, foi o lugar mais bonito que conheci. A neve branca sobre as montanhas torna a paisagem bem diferente de tudo que eu já tinha visto.” Esse é o ponto mais alto do país, com 2.962 metros de altitude e a temperatura já chegou aos 35ºC negativos. Além do mais, os turistas podem esquiar e apreciar a visão fantástica dos Alpes.

Ele indica, aos mochileiros, que visitem também o Castelo de Edimburgo e o Lago Ness, na Escócia, e Charles Bridge, a segunda ponte mais antiga de Praga, na República Tcheca. “Para entender a história de todos esses lugares é legal fazer o walking tour, um serviço gratuito com guia turístico”, sugere o mochileiro.

Como nada é perfeito, com o mochilão não seria diferente. Apesar dos destinos fantásticos, o andreense ressalta seu desconforto com a personalidade do povo alemão: “É totalmente diferente do Brasil. Na Alemanha as pessoas são mais fechadas e não conversam com desconhecidos. Porém, com exceção desse detalhe, é uma experiência incrível. Você se abre para conhecer novas pessoas e culturas, além de aprender a se virar sozinho”. Anderson aprendeu isso tão bem que encontrou táticas até mesmo para economizar: “Sempre que podia eu viajava à noite para dormir no ônibus, assim poupava o valor de uma diária no hostel. Ajuda bastante”, finaliza. Boa dica!

Bonito por natureza
Também tem opção para quem não quer ir tão longe. Aqui no Brasil dispomos de lugares que até mesmo os estrangeiros invejam. Somos famosos pela natureza exuberante que, inclusive, poucos brasileiros conhecem. E foi exatamente essa natureza que a são-caetanense Caroline Gama, 25 anos, decidiu explorar, depois de ser despedida em 2015. Com o objetivo de se distrair e buscar novos horizontes, ela passou por 11 cidades entre os Estados de Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio de Janeiro.

Nos 40 dias de viagem, Caroline conheceu as praias mais belas do País: “A Praia de Pipa, em Natal, é fora do comum. O mar é uma imensidão azul e tem até golfinhos. Quando a maré está baixa dá para vê-los bem de perto. É incrível”. Ela relembra também das paisagens de Itacaré, na Bahia: “As praias de lá são pequenas e aconchegantes. Um dos lugares mais lindos que já conheci”.

A Cidade Maravilhosa não poderia ficar de fora. No Rio de Janeiro, ela visitou Ilha Grande, em Angra dos Reis, e conta que a água cristalina é bem semelhante à do mar de Cancún, no México. Ela diz ainda que os passeios custam pouco, sendo que a maioria dá para fazer por trilha, uma forma de contemplar a natureza e economizar dinheiro.

E falando em economia, nada melhor do que viajar pelo Brasil, segundo ela. Entre refeições, hospedagens e passeios, Caroline desembolsou, nesses 40 dias, cerca de R$ 3.000, quase o mesmo valor de uma passagem, ida e volta, para Paris, na França.

DICAS PARA OS AVENTUREIROS DE PLANTÃO
Para economizar, acesse o site www.workaway.info e troque serviço voluntário por alimentação e hospedagem. É também uma ótima opção para quem deseja aprender nova língua, já que a convivência com a família nativa do país escolhido será diária.

Se ainda não domina o inglês ou simplesmente não quer se assustar com as diferentes culturas, vá para Portugal. Lá o português é a língua nativa e a cultura não difere bruscamente da brasileira.Independentemente do país escolhido, é importante se adaptar às culturas de cada um.

Na Europa, compensa voar pela companhia aérea Rayanair, porque é uma das mais baratas. Os vôos costumam custar entre 15, 20 ou 30 euros.

Essa companhia aceita malas de até 10 kg sem cobrar taxa de bagagem, que custa quase o mesmo valor da passagem. Portanto compre uma mochila que não ultrapasse essa capacidade de peso.

Opte por uma mochila leve, assim é possível carregar mais roupas e sapatos. Elas podem ser encontradas nas lojas Primark, espalhadas pela Europa. São leves, baratas e de qualidade.

Leve apenas o necessário. Opte por peças com tecido mole e sapatos dobráveis. Enrole as roupas ao invés de dobrar, essa tática economiza espaço. Outra dica é colocar as peças em sacos plásticos a vácuo. Escolha algumas roupas para o inverno e outras para o verão. Porém poucas.




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