Helena Solberg recebe a homenagem do CCBB, que lhe dedica, de quarta, 7, a 19, uma retrospectiva 'quase' integral. "Está faltando um filme que fiz com o Canadá, Made in Brazil, sobre uma cidade de interior em que as mulheres começam a ocupar espaços e isso repercute nas famílias. É um filme que antecipa muita coisa que está ocorrendo hoje."
No seu longa de estreia, A Entrevista, de 1966, Helena filma garotas da burguesia carioca, fazendo-as falar sobre suas expectativas sobre casamento, sexo e família. Nos anos 1970, nos EUA, fez A Nova Mulher, documentando a luta feminina por igualdade e iniciando o que a pesquisadora Mariana Tavares chama de Trilogia da Mulher, também integrada por The Double Day e Simplesmente Jenny. Somando Banana is My Business, sobre Carmen Miranda, e a ficção Vida de Menina, Helena ficou rotulada. Feminista, diretora de filmes de mulheres.
Ela reconhece seu interesse pelo tema, mas rejeita o rótulo. "A vida me abriu janelas, ofereceu oportunidades. Vivi e filmei nos EUA, conheci figuras maravilhosas. Albert Maysles, Shirley Clarke, J.W. Pennebaker. Acho que o meu interesse sempre foi pelo mundo, pelo outro, como forma de conhecer a mim mesma." Vida e obra andam juntas. Ficção e documentário, também. "Não tenho limites rígidos." Helena filmou o sandinismo, investigou o fenômeno Pinochet no Chile. Do Brasil para o mundo, de volta ao Brasil. O novo longa, Meu Corpo, Minha Vida, é sobre aborto. O próximo, de encomenda, será sobre o desaparecimento de pessoas no Brasil atual. "É coisa de ficção científica. O Brasil virou um país de ficção científica." A ideia da retrospectiva é lisonjeira, mas assusta. "Espero que não me considerem uma peça arqueológica." No sábado, 17, ela ministra uma aula magna.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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