Economia Titulo No bimestre
Fabricação de veículos é impulsionada pelos pesados

Foram produzidos volumes 47,8% maiores de caminhões, e 67% de ônibus, frente a 2017

Por Flavia Kurotori
Especial para o Diário
07/03/2018 | 07:19
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Nos primeiros dois meses deste ano, saíram das fábricas brasileiras 431,5 mil veículos, 15% mais que no mesmo período de 2017, alta impulsionada pelos pesados. A produção de ônibus cresceu 67%, para 14.475 unidades, e, a de caminhões, 47,8%, aos 4.053 exemplares, enquanto que a de automóveis expandiu 13,8% (413 mil). As informações são da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Vale lembrar que, conforme publicado pelo Diário, os pesados também puxaram as vendas de veículos em 2018, conforme a Fenabrave. Segundo Antônio Jorge Martins, coordenador da MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva da FGV, no auge da crise, a ociosidade das fabricantes de caminhões chegou a 80%. “Por isso, estas foram as primeiras a procurar saídas ante a crise e recorreram à exportação.”

Para se ter ideia, foram embarcados a outros países 112,7 mil veículos – 7,2% a mais do que no ano passado. Destes, 4.567 foram caminhões, alta de 43,3% no bimestre, e 1.427, ônibus, com expansão de 35,5%. Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, lembra que exportar é saída quando o mercado interno está reprimido. “Aos poucos, conforme a demanda interna aumentar, as exportações irão diminuir gradativamente, pois se trata de processo lento”, explica.

Em relação aos ônibus, Martins diz que a aproximação das eleições faz com que as gestões municipais acelerem a entrega de coletivos, com o objetivo de conquistar o voto do eleitor. “Esta alta (na produção) ainda não indica retomada. Resultados de dois meses não determinam como será o ano”, pondera.

A Mercedes-Benz, de São Bernardo, obteve incremento de 15% nas exportações de pesados neste ano até fevereiro, com 1.900 unidades. Destaque para dois acordos, sendo um com a Colômbia, de ônibus para fretamento, e outro com o Líbano, de caminhões para a coleta de lixo.

Maskio ressalta, no entanto, que mesmo com bons números, a base de comparação do setor é fraca. “O volume ainda não é tão grande, mas qualquer crescimento representa grande porcentagem”. Em sinergia, Martins complementa: “Temos muito espaço para expandir a produção neste ano porque, nos últimos anos, tivemos os piores resultados da história”.

Ainda que o resultado bimestral tenha sido positivo, o total de unidades fabricadas passou de 209,4 mil para 203,6 mil entre janeiro e fevereiro – queda de 2,1%. No entanto, Antonio Megale, presidente da Anfavea, destaca que a média de vendas diárias cresceu de um mês para o outro, mesmo tendo menos dias úteis por conta do Carnaval. “Este ritmo, aliado ao bom nível de exportações, impulsiona a produção e contribui ao melhor uso da capacidade produtiva.”

Martins acredita que, para que o crescimento do ramo seja sustentável, é preciso melhorar o cenário político. “Precisamos atrair investidores, que vêm dos Estados Unidos, Europa e, alguns, até da Ásia. Para isso, é necessário aumentar o grau do País nas agências classificadoras de risco”, diz. Ele defende que um dos caminhos para incrementar as notas baixas de rating, que afugentam aportes, é a reforma tributária. “Essas mudanças podem iniciar ainda neste ano, mas resultados efetivos virão apenas no próximo governo, dependendo da confiança ante o mercado externo.” 




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