A aquisição da distribuidora paulista Gas Brasiliano pela Petrobras, anunciada na quinta-feira, reforça a posição dominante da estatal no setor de gás natural brasileiro. A operação representa o ingresso da companhia no Estado de São Paulo, o maior mercado consumidor do País.

 "A compra da Gas Brasiliano se encaixa na estratégia da Petrobras de buscar a integração vertical na cadeia do gás natural, de maneira a aumentar o seu controle sobre a oferta e a demanda do mercado", analisou o professor do Grupo de Economia de Energia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Edmar de Almeida.

A estatal pagará US$ 250 milhões à petrolífera italiana Eni por 100% de participação na Gas Brasiliano.

Em termos absolutos, a Gas Brasiliano é uma distribuidora de pequeno porte no País. Com uma área de concessão de 375 municípios na região Noroeste do Estado de São Paulo, a empresa possui 734,5 quilômetros de rede, com venda média em 2009 de 529 mil metros cúbicos por dia. Para efeito de comparação, o volume é muito inferior aos 11,6 milhões de metros cúbicos por dia comercializados no período pela Comgás (SP), a maior concessionária do País.

Apesar disso, a professora do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP (Universidade de São Paulo), Virgínia Parente, avalia que essa operação aumenta o poder de barganha da Petrobras no mercado de gás. "Esse foi um grande negócio, porque enriquece a sua participação no setor de gás."

O analista do BBI (Banco do Brasil Investimentos) Nelson Rodrigues de Matos destacou que a operação reforça a estratégia da estatal de desenvolver um mercado consumidor de gás para as suas reservas da Bacia de Santos e o pré-sal.