Política Titulo Nepotismo
Denúncia aponta novo caso de nepotismo contra bispo Ronaldo

Presidente da Câmara andreense teria usado cargo
como moeda de troca com parlamentar de Campinas

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
28/11/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Denúncia protocolada no Ministério Público requer investigação de nepotismo cruzado contra o presidente da Câmara de Santo André, bispo Ronaldo de Castro (PRB). O processo, impetrado pelo Fórum de Cidadania do Grande ABC, pede a instauração de ação civil pública pela prática de ato de improbidade administrativa ao apontar que o republicano usou o gabinete como moeda de troca com o parlamentar Jeziel Silva (PP), de Campinas, ligados por elo de amizade e ao segmento evangélico. Essa é a segunda acusação neste sentido contestando a postura do vereador andreense. A anterior tratava de acordo semelhante com bispo João Batista (PRB), reeleito em São Bernardo.

A utilização da manobra por ambos os parlamentares envolve nomeação de parentes de primeiro grau, medida que é vedada por lei. Filha de Ronaldo, Elise de Castro detinha cargo comissionado de oficial de gabinete de Jeziel, com salário de R$ 5.162,84, enquanto Abigail Maria da Silva, irmã do vereador de Campinas, ocupou o posto de assistente parlamentar 1, recebendo durante o período da vaga vencimentos de R$ 6.625,64. O nepotismo cruzado é constatado quando um agente público contrata parentes de outro a fim de empregar seus próprios familiares no gabinete do colega, o que denota ofensa aos princípios da impessoalidade e moralidade.

O documento imputa que a portaria nº 12/13, de 1º de fevereiro de 2013, início da atual legislatura, oficializou a entrada da filha de Ronaldo – que vai para o segundo mandato a partir de 2017 – no gabinete do amigo campineiro, que não conseguiu a reeleição em outubro. No episódio passado, em apuração na Promotoria e publicado com exclusividade pelo Diário, retratava a irmã do parlamentar andreense, Raquel de Castro Gagliano, no posto de assessoria de relações parlamentares, com contracheques mensais de R$ 7.827, e não era reconhecida por colegas de trabalho em São Bernardo.

O processo atual relata que o cruzamento das nomeações aconteceram com o “propósito único e exclusivo de burlar a lei, imperando o abuso de poder”. Conforme o texto, “é inquestionável” que a permanência de Ronaldo na presidência do Legislativo continuará a prática de nepotismo e, diante desta situação, solicita, por meio de liminar, que seja determinado o afastamento imediato de vereador do comando da Casa. Indica ainda a aplicação de multa diária no valor de R$ 1.000 em caso de reincidência de nova prática de nepotismo.

Por fim, a denúncia requisita a condenação de Ronaldo nos moldes da lei de improbidade, determinando a perda da sua função pública e suspensos seus direitos políticos por cinco anos, com a pena do pagamento de multa civil de, no mínimo doze vezes o valor de sua última remuneração, além da proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente.

A Câmara de Santo André reconheceu que a filha de Ronaldo atuou no Legislativo de Campinas, mas apenas durante o ano de 2012 e “não exerce mais nenhuma função” na Casa. Admite que Abigail Maria da Silva trabalhou no Legislativo andreense junto a Ronaldo, de julho de 2013 a abril de 2014. “Ronaldo de Castro não entende o ocorrido como crime de nepotismo cruzado e esclarecerá o assunto no momento oportuno. O vereador também não recebeu nenhuma notificação pelo MP”, informou, por nota. O Legislativo de Campinas não se pronunciou sobre o episódio. 




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