O Natal já está aí. Faltam poucos dias para que boa parte da humanidade celebre o nascimento de Jesus Cristo. Quando se diz, por exemplo, que Santo Amaro da Purificação (Bahia) é a terra natal de Caetano Veloso, diz-se que o compositor nasceu nessa cidade. A palavra natal se refere a nascer, ao nascimento. Um brasileiro nato, por exemplo, é um brasileiro que nasceu no Brasil. E há brasileiros que não nasceram no Brasil? É claro que há. Quer um exemplo simples? Os naturalizados.

Mas vamos voltar ao Natal, que, em boa parte do mundo ocidental, traz o Papai Noel, personagem lendário, de barbas brancas e roupas vermelhas, que distribui presentes na noite de 24 de dezembro. Pois bem, nosso Papai Noel é misto: um pedaço de seu nome é português; outro pedaço é francês. Não é difícil deduzir que o pedaço francês é Noel (que no original se escreve Noël, com trema no e). Sabe o que significa Noël em francês? Simplesmente Natal. Moral da história: a tradução de Papai Noel é Papai Natal.

Como se vê, nosso Papai Noel é luso-francês. Você sabe que o elemento luso da palavra composta luso-francês se refere a Portugal. Um tratado luso-brasileiro, por exemplo, é um tratado entre Portugal e Brasil. Por falar em Portugal, nossos irmãos portugueses preferem chamar o Bom Velhinho por um nome totalmente português. Esse nome é simplesmente Pai Natal. Os italianos também preferem um nome totalmente nacional: Babbo Natale (babbo é uma das palavras italianas que significam papai).

Antes que me esqueça, escreve-se Papai Noel, sem hífen e com inicial maiúscula nas duas palavras, quando se faz referência ao lendário personagem ou à sua representação. Escreve-se papai-noel, com hífen e letra minúscula, quando se trata do sinônimo de presente de Natal: "Já sei o que você pode me dar de papai-noel".

Bem, a esta altura, só me resta desejar feliz Natal. Que Papai Noel atenda os seus desejos. Sabe quais são os meus? Mais uma vez, não peço muito: crianças na escola, professores (bem preparados e bem remunerados) na sala de aula, emprego e salário decentes para todos, serviço de saúde democratizado, casa e transporte para todo brasileiro... Pela milésima vez, pus tudo isso numa cartinha, que tratei de mandar para Papai Noel. Enquanto ele e o Natal não chegam, vou cantar aquela bela música de Assis Valente: "Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel...".

Entramos em férias e voltamos no início das aulas. Até lá.