Uma casa no meio do nada. Adolescentes valentões e cheios de hormônios. Fantasmas aprisionados no porão. Musiquinha de suspense. Portas batendo. Sangue. Roteiro pronto para mais um longa clichê de terror. Só que não. Quem passar pelo Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca e pelo Caixa Belas Artes, em São Paulo, e resolver dar chance ao título O Diabo Mora Aqui vai encarar produção brasileiríssima. O filme é a primeira adaptação de obra transmídia Urbania, criada pelo produtor M.M.Izidoro. Baseado nas lendas urbanas do País, o projeto tem como objetivo unir os contos para que interajam em diversas plataformas.

A produção afirma que objetivo nunca foi deixar na cara as histórias de terror que fazem parte do imaginário brasileiro, mas, segundo ela, quem conhece as lendas vai sacar onde e como aparecem. Na prática, não é bem por aí. A história é sobre quatro adolescentes que resolvem dormir em sítio da família justamente na noite em que a nova geração de antigos empregados têm a missão de não deixar escapar o fantasma do Barão do Mel, que aterrorizou todos ali por décadas.

As questões da escravidão e religiões africanas realmente estão muito presentes, mas já é demais fazer alguma relação com o bebê-diabo que teria nascido em São Bernado em 1975, cuja notícia foi explorada pelo Notícias Populares na época. Por conta disso, as filmagens, inclusive, seriam feitas na região, mas foram transferidas para Amparo, no Interior.

O elenco é formado por atores ainda desconhecidos (Mariana Cortines, João Pedro Carvalho, Sidney Santiago, Ivo Muller e Clara Verdier), foi gravado em duas semanas, contou com orçamento de R$ 150 mil e tem na trilha sonora a música Deixa a Alma Escapar, da banda Fresno.

A produção chegou a ser premiada na categoria melhor filme estrangeiro no Filmquest Festival, Estados Unidos, e passou pelo Festival de Stiges, na Espanha, além de mostras na Bélgica, México e Uruguai, contudo O Diabo Mora Aqui – com direito a zumbi bem meia boca e cena de sexo – deve agradar só quem curte o gênero terror. E daqueles bem escrachados.